Package Inc – Análise

A Nintendo Switch tem-se consolidado como uma ótima plataforma de estreia para uma enorme quantidade de jogos habitualmente encontrados em dispositivos móveis. Não é assim de estranhar a decisão por parte da Nerd Monkeys, com cunho português, de distribuir Package Inc numa adaptação à Switch. Originalmente lançado pela Infinity Games em dispositivos móveis, Package Inc pretende trazer uma experiência simples no que toca à complexidade da logística empresarial.

O jogo coloca-nos na pele de um funcionário que implementa e controla a armazenagem de encomendas e a sua distribuição. Vamos ter de mover as ditas encomendas do ponto de origem para que elas possam chegar ao consumidor, para isso temos de construir novas estações (pontos de consumo), que incluem cafés, fábricas, casas, lojas, hotéis, etc., consoante o volume de negócio, para poder expedir mais encomendas. As encomendas vêm de um armazém central (o ponto de origem). Quanto mais encomendas chegarem ao seu destino, maior será o retorno económico, cuja utilidade nos permite construir mais pontos de consumo e também novos centros de distribuição, que por sua vez alargam o número de canais que podemos ligar aos pontos de consumo.

Todos os tipos de peças com que interagimos ou criamos têm limites quanto ao número de outras peças a que se podem ligar. A rentabilidade do negócio não se faz apenas pela chegada das encomendas às estações, o processo pode ser maximizado consoante o aproveitamento do ambiente à nossa volta. Por exemplo, podemos criar moinhos que servem de fontes de receita alternativa sem qualquer intervenção do jogador, e podemos aproveitar a presença de zonas multiplicadoras de dinheiro em alguns pontos do mapa que são assim particularmente interessantes para se criar estações.

Tal como na logística propriamente dita, o objetivo passa por servir o cliente no tempo e na quantidade certa. Em Package Inc é possível melhorar tanto a capacidade máxima de encomendas que cada estação e centro podem alocar, como a velocidade a que as encomendas circulam entre os pontos de acesso. A cada melhoria o custo seguinte será maior, pelo que temos de pôr em prática as melhores estratégias de gestão de logística para manter uma cadeia de distribuição eficiente e rentável. A isto acrescem três objetivos por nível, que podem variar desde um pedido por um número mínimo de centros a construir a uma meta de encomendas a alcançar. Cumpridos estes objetivos, o nível pode dar-se como concluído, embora continue infinitamente se assim o quisermos. Package Inc penaliza o jogador se sobrecarregarmos o volume de encomendas nas estações ou nos centros, pelo que depende de cada um escolher as táticas operacionais que se adequem melhor ao seu estilo. Exemplos como a manutenção da flexibilidade funcional dos canais, a fiabilidade e tempo das entregas, ou o controlo do nível de “stock” são estratégias que cada jogador pode descobrir e explorar à sua maneira.

A apresentação vai direta ao que se espera, não fosse este um jogo oriundo dos dispositivos móveis. Contamos com um mapa pouco descritivo e visualmente simplista que podemos personalizar a partir de opções como jogar com tempo chuvoso ou durante a noite. Cada nível é inspirado numa capital do mundo, como Berlim ou Tóquio, mas nada que mude o objetivo principal de Package Inc, totalizando onze níveis e trinta e três tarefas para cumprir. Fora isto, não existe qualquer incentivo para voltar aos níveis terminados, além de melhorar recordes, de resto não há desafios adicionais. A dificuldade dos níveis finais põe à prova até o jogador mais calculista, assim e na ausência de mais conteúdo perdem-se algumas horas em tentativa e erro para ultrapassar estas etapas finais. Sendo este um jogo com origem nos dispositivos móveis, encontra-se bem adaptado para a Nintendo Switch, e o grande chamariz é a experiência portátil, que permite utilizar o ecrã tátil, embora também se deva destacar que foi feito um mapeamento competente de comandos para quem o quiser jogar num ecrã de televisão, pelo que a Nerd Monkeys está de parabéns pela decisão.

João Luzio