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Thunder Ray – Análise

Thunder Ray é o jogo mais recente do estúdio argentino Purple Tree. Claramente inspirado pela série Punch-Out!!, vem preencher uma lacuna num género que a própria Nintendo descartou desde Punch-Out!! na Nintendo Wii há mais de quinze anos. O jogo começa com uma breve descrição dos feitos de Thunder Ray, o maior pugilista de todos os tempos, que se encontra no limiar da reforma dado que já não tem existem adversários ao seu nível. Ao derrotar pela última vez um dos seus rivais e cimentar o seu legado imbatível, Ray é raptado por uma força alienígena que o obriga a entrar numa competição de boxe interplanetária onde terá de disputar a sua liberdade.

O torneio está estruturado em oito rondas, com cada ronda a corresponder a um novo adversário. Todos os adversários são entidades cósmicas ameaçadoras, cada uma com as suas peculiaridades visuais e métodos de combate diferentes. Contrariamente à nossa personagem, não é dada nenhuma informação sobre os adversários no que toca à sua presença na competição, nem tão pouco a sua origem ou propósito. O nosso treinador, também ele raptado, comenta ocasionalmente sobre as capacidades do adversário antes de o combate iniciar e estas dicas por norma dizem qual a melhor forma de abordar cada um, revelando entre linhas a habilidade especial que os identifica.

A jogabilidade em Thunder Ray é bastante semelhante à da série Punch Out!!, a maior distinção são os quatro botões de ataque que representam ataques pela direita ou esquerda. Não existe qualquer diferença nos danos causados pelos dois tipos de murros, pelo que a chave para a vitória passa por criar diferentes padrões de ataque que obrigam o adversário desviar-se ou a bloquear de acordo com a direção de cada murro. Claro está, o mesmo se aplica a Ray, com a agravante das investidas dos seus adversários serem pouco ortodoxas, e por consequência mais difíceis de antecipar. O esquema é essencialmente o mesmo: vamos evitar, bloquear ou agachar-nos consoante os movimentos do adversário, movimentos esses que são habitualmente precedidos por pistas visuais que indicam o tipo de ataque que irá executar. No entanto, as aparências enganam, e é fulcral que o jogador se adapte rapidamente às circunstâncias de cada confronto dado que nem todos os inimigos atuam sobre os mesmos princípios. Existem ainda ataques especiais, que podem ser executados mediante a quantidade de energia proveniente de ataques efetuados e manobras de evasão bem-sucedidas. Cada adversário tem também um ataque especial não só capaz de provocar uma quantidade de dano devastadora como também de colocar Ray em estados de delírio, onde falha ataques aleatoriamente, ou de envenenamento, onde cada ataque reduz a sua vitalidade.

Thunder Ray apresenta três níveis de dificuldade, e é um jogo bastante difícil mesmo na sua dificuldade mediana. Muitas das lutas decorrem num processo de tentativa e erro dado como a curva de dificuldade oscila no decorrer dos combates, o que leva a uma experiência desnivelada, e o último adversário é o exemplo perfeito, significativamente mais fácil de combater que vários dos lutadores iniciais. Algumas das pistas visuais que precedem os ataques acabam por ser confusas e é difícil de compreender a sua origem, bem como o lado a que Ray deve prestar atenção. Por outro lado, o nível mais fácil é uma anedota, é possível ignorar praticamente todas as mecânicas do jogo e atacar permanentemente o adversário até ganharmos. Não existe qualquer sistema de pontuação, mas o jogador recebe uma classificação sobre a sua prestação no final de cada luta, os seus requisitos são desconhecidos e não é aparentemente influenciada pelo grau de dificuldade.

Já a apresentação é imaculada, com uma direção artística “cartoonesca” marcada por cores garridas e uma animação sublime. Os movimentos são fluidos e os ataques cheios de impacto, refletidos no aspeto visual de cada personagem e no sangue que se vê no ringue. O visual de cada inimigo é único, representativo de diferentes estereótipos relativos ao oculto e a criaturas extraterrestres, e são implementados da melhor forma possível. A seleção musical é minimalista, uma escolha acertada e que amplifica a presença dos efeitos sonoros do combate. A única prestação vocal do jogo é fraca, a voz não é projetada da melhor forma e é misturada de forma algo estranha relativamente ao resto da componente sonora do jogo.Thunder Ray é um bom jogo por si só, mas acaba também por ser um excelente ponto de partida para uma sequela capaz de sobressair entre os jogos de boxe. Apesar de visualmente já se encontrar no ponto certo, nota-se uma falta de conteúdo e de modos opcionais de jogo, particularmente de uma componente multijogador que teria muito sucesso.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
7 10 0 1
Thunder Ray é uma proposta interessante num género com muito pouca expressão no mercado atual. Apesar de uma longevidade curta e dificuldade desproporcional, trata-se de uma recomendação fácil para fãs da série Punch-Out!!, mas falta-lhe o apelo universal que poderia ter.
Thunder Ray é uma proposta interessante num género com muito pouca expressão no mercado atual. Apesar de uma longevidade curta e dificuldade desproporcional, trata-se de uma recomendação fácil para fãs da série Punch-Out!!, mas falta-lhe o apelo universal que poderia ter.
7/10
Total Score

Pontos positivos

  • Visualmente imaculado
  • Jogabilidade complexa e divertida

Pontos negativos

  • Curva de dificuldade oscilante
  • Muito curto

Diogo Caeiro

Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.