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Sherlock Holmes: The Awakened – Análise

A personagem e o universo de Sherlock Holmes têm recebido vários videojogos originais nos últimos anos pela mão de Frogwares, veteranos nos géneros de aventura e mistério e que continuam a dar vida ao detetive mais conhecido da literatura. Sherlock Holmes: The Awakened é um “remaster” de um jogo com mesmo nome do ano de 2007, uma aventura tenebrosa e influenciada sobretudo não pelo autor de Sherlock Holmes mas pelo escritor de ficção e terror H.P. Lovecraft.

Naturalmente que o jogador vai encarnar Sherlock Holmes, encarregado desta vez de investigar uma seita relacionado com a lenda de Cthulhu, entidade cósmica aterradora com presença habitual nas histórias de Lovecraft. O enredo tem uma forte componente sobrenatural, repleto de elementos que roçam constantemente o absurdo, bem como uma montanha de reviravoltas que prometem manter a atenção do jogador até ao final. Infelizmente a sequência final é pouco cativante e dada a temática central da história, a falta de momentos de terror autêntico constitui, no mínimo, uma oportunidade perdida.

Contrariamente aos jogos anteriores, The Awakened progride de forma linear, colocando o jogador em espaços de forma sequencial onde é necessário completar várias tarefas. Apesar de cada espaço ser vasto, encontra-se pouco mais além do objetivo principal a concluir, sem incentivos para uma exploração a fundo. Estruturalmente o jogo é muito diferente de Chapter One, que concedia uma maior liberdade através do seu mundo aberto e com uma quantidade avultada de conteúdo opcional que aqui não existe.

Cada investigação decorre essencialmente da mesma forma, e cada uma coloca o jogador nos locais onde cada incidente ocorreu à procura de provas e pistas sobre os acontecimentos e o seu responsável (ou responsáveis). Não existe nenhum elemento de variação na jogabilidade, nem mesmo ao entrevistar potenciais testemunhas, pelo que é sempre uma questão de tempo até se chegar à conclusão esperada. Existe um grau de lógica e dedução envolvido, mas nenhum dos casos é particularmente complexo de desvendar após reunida toda a informação disponível. Nota-se muito a falta de desafio, especialmente em relação aos jogos mais recentes desta produtora. O ritmo de jogo também exibe alguns problemas, apresentando ao jogador algumas sequências fora do âmbito do jogo e que envolvem sempre algum tipo de elemento sobrenatural. Embora visualmente apelativas, têm pouco impacto na jogabilidade e resumem-se a “puzzles” daquele ambiente, o impacto que têm na história é marginal e são pouco mais que uma distração indesejada e desfasada do resto do jogo.

A direção artística é interessante mas faltam pormenores a algumas texturas, e a ausência de “anti-aliasing” tem efeitos negativos na qualidade geral da imagem do jogo. A prestação é também inconstante e encontram-se várias quebras de fluidez nas zonas mais afetadas. Estas quebras são mais reduzidas no ecrã da Switch, mas a resolução mais baixa significa que esta não será a melhor forma de jogar. Algumas animações e transições encontram-se também inacabadas e afetam momentaneamente a imersão do jogador.

Dito isto, é necessário contextualizar o desenvolvimento conturbado de Sherlock Holmes: The Awakened, uma vez que o estúdio responsável está localizado na Ucrânia. Dada a natureza prolongada do conflito e o facto de o seu trabalho ter sido interrompido e retomado meses após o início da invasão russa, é compreensível que não se encontre na sua melhor forma possível. Mesmo que não esteja ao nível dos seus antecessores, The Awakened é uma oferta interessante nesta série, mas que será melhor desfrutada noutro formato.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
5 10 0 1
Sherlock Holmes: The Awakened coloca o detetive fora do seu elemento e no meio de um enredo com elementos oriundos do sobrenatural, capaz de intrigar até mesmo aqueles que não se considerem fãs. No entanto, a sua execução débil e os seus problemas técnicos significam que a generalidade do público provavelmente fará melhor em não pegar nesta aventura.
Sherlock Holmes: The Awakened coloca o detetive fora do seu elemento e no meio de um enredo com elementos oriundos do sobrenatural, capaz de intrigar até mesmo aqueles que não se considerem fãs. No entanto, a sua execução débil e os seus problemas técnicos significam que a generalidade do público provavelmente fará melhor em não pegar nesta aventura.
5/10
Total Score

Pontos positivos

  • Influência visível de H. P. Lovecraft
  • Elementos sobrenaturais divertidos
  • Enredo tematicamente interessante

Pontos negativos

  • Casos demasiado simples
  • Ausência de momentos de terror
  • Vários problemas técnicos

Diogo Caeiro

Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.