We Are OFK – Análise

We Are OFK é uma aventura visual episódica que funciona como biografia interativa do projeto musical recente com o mesmo nome. É um excelente conceito, e que constitui essencialmente uma forma de promoção que oferece ao público uma experiência mais envolvente e emotiva do que comunicados de imprensa genéricos. Por outro lado, são poucos os momentos em que este esforço é mais do que publicidade glorificada.

O enredo versa sobre a vida de quatro personagens com personalidades muito distintas mas um objetivo em comum: singrar na indústria musical. Situado em Los Angeles, o enredo trata da jornada de cada personagem e das dificuldades com que lidam, não só como indivíduos mas como grupo musical. É simples e previsível, mas a química entre as personagens é inegável, e as suas interações e consequências são bem escritas, divertidas e, acima de tudo, credíveis.

É importante frisar que We Are OFK não é mais do que uma experiência interativa muito superficial sem uma jogabilidade convencional, não oferecendo mais do que algumas escolhas durante certos diálogos que não têm qualquer impacto no desenvolvimento do enredo. Não apresenta qualquer sequência de jogabilidade, ao ponto de se questionar se havia alguma necessidade de esta produção assumir o formato de um videojogo em vez de uma série animada. Não é assim de estranhar que a componente visual seja o aspeto mais trabalhado de We Are OFK, constituindo a sua maior atração. A direção artística é única e cheia de estilo, com uma palete de cores deslumbrante que sobressai no ecrã da Nintendo Switch OLED. O mesmo se verifica nos vídeos musicais que encerram cada um dos episódios, com faixas capazes de deliciar fãs de pop e eletrónica, com destaque para house e synth-pop.

We Are OFK é uma experiência única e com muito para dizer, não só sobre o quão atribulada é a formação de um novo grupo musical, mas também sobre temas atuais vistos como difíceis de abordar. Mesmo assim, é difícil desculpar o seu nível de interatividade baixíssimo, e a impressão de que não deveria ser um videojogo sai reforçada quando a experiência termina.

Diogo Caeiro

Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.