Gamescom 2022 – Impressões de jogos indie (parte 2)
Frank and Drake
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Esta aventura narrativa começa de maneira algo discreta mas expande-se à medida que avançamos até atingir uma dimensão inesperada. Com uma premissa aparentemente inofensiva – dois protagonistas que partilham um apartamento embora nunca se vejam devido aos seus horários e ciclos de vida distintos e que comunicam através de notas deixados um ao outro – e tarefas iniciais completamente triviais, Frank and Drake permite-nos jogar com os dois protagonistas que dão nome ao jogo, vivendo de dia ou de noite consoante a personagem escolhida devido às circunstâncias de cada um. À medida que as ações de aparência simples revelam mais e mais elementos surpreendentes, incluindo capacidades sobrenaturais dos protagonistas, assimilamos a natureza de aventura narrativa do jogo como se estivéssemos a jogar uma obra literária. Embora o início demore algum tempo até se impor, os jogadores que invistam mais tempo vão aqui encontrar elementos para explorar como se de um romance se tratasse – algo que os criadores, do estúdio espanhol Appnormals Team, afirmam sem margem para dúvidas. Frank and Drake deverá chegar à Nintendo Switch no primeiro trimestre de 2023.
How To Say Goodbye
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Não é novidade que os videojogos abordam temáticas que dizem respeito à emoções e sentimentos humanos com os quais é bastante difícil de agira, e que o desenvolvimento narrativo é hoje muito mais rico e profundo do que há relativamente poucos anos. How to Say Goodbye é uma obra que entra numa temática com tanto de humana como de tabu – lidar com a morte, caso o título do jogo não seja suficientemente sugestivo. É sob a forma de “puzzles” que esta aventura narrativa de aspeto visual minimalista se desenrola, num mundo onde o protagonista recentemente falecido se vê transformado em fantasma e busca o seu irmão mais velho, falecido há mais tempo, pela segurança e felicidade que lhe transmitia em vida enquanto tenta evitar outros fantasmas que lhe prometem o abandono da tristeza e da angústia. Os “puzzles” são aparentemente simples mas nem por isso pouco exigentes, com a particularidade de o controlo do jogador se exercer sobre a superfície e não sobre as personagens e objetos – fazemos mover uma faixa no chão que por sua vez desloca as personagens e os objetos necessários para resolver os “puzzles”. Trata-se de um jogo onde a resolução de “puzzles” leva ao desenvolvimento narrativo, e na demo disponível na Gamescom 2022 a experiência termina precisamente num momento-chave do enredo. Embora possamos estranhar um pouco esta mecânica, quando nos ambientamos torna-se dificil de largar o jogo, e a curiosidade para conhecer mais sobre o enredo cresce a cada momento. Desenvolvido pela ARTE Experience, equipa dedicada aos videojogos do canal de televisão franco-alemão ARTE e que já conta com títulos de temáticas tocantes e perturbadoras, How To Say Goodbye não tem uma data de lançamento definida mas deverá chegar à Nintendo Switch antes do final do ano.
The Last Worker
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Não é difícil adivinhar a realidade que The Last Worker satiriza. Trata-se de um jogo de aventuras em que desempenhamos o papel do último trabalhador humano num armazém de expedição de produtos ao consumidor onde todas as funções foram automatizadas e onde um robô com muito entusiasmo pela sua entidade patronal nos segue para todo o lado enquanto nos dá indicações, acabando por nos levar a um lado muito sombrio da toda-poderosa empresa retalhista. Com uma escolha interessante de direção artística – optando por um aspeto mais próximo de um filme de animação tradicional que de uma ficção científica distópica pesada e negra, como se costuma esperar nestes ambientes – a ação em The Last Worker decorre na primeira pessoa e vamos ter de realizar manobras sensíveis como fugir do campo de visão de robôs de vigilância e mover objetos para resolver quebra-cabeças. Apesar de os conceitos serem diferentes, não é inesperado darmos por nós a pensar num outro jogo, igualmente na primeira pessoa, onde uma mulher usa um dispositivo para colocar portais em superfícies planas. Adiante, The Last Worker tem um princípio e um desenvolvimento narrativo interessantes, mas pelo que foi possível experimentar na Gamescom 2022 alguns momentos são um pouco confusos e os controlos nem sempre respondem como se espera. Ainda assim, temos aqui uma obra que consegue transmitir uma mensagem simultaneamente cómica-absurda e perturbadora sobre as tendências da automatização do trabalho no mundo laboral. The Last Worker, obra da britânica Wolf & Wood Interactive, vai chegar à Nintendo Switch pela mão da Wired Productions numa data por anunciar ainda no ano de 2022.
Please, Touch the Artwork
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Há jogos que dispensam instruções ou sequer tutoriais. Um comando direcional e um botão de ação com pouco ou nenhum texto é tudo o que é preciso, e ao fim de poucos instantes já sabemos o que temos de fazer. É assim que Please, Touch the Artwork funciona. Esta obra simples mas extremamente viciante do criador belga Thomas Waterzooi propõe que façamos o contrário do que nos dizem nos museus e que toquemos nos quadros, mais concretamente nas composições do pintor abstrato holandês Piet Mondrian. Trata-se de um jogo de “puzzles” onde vamos interagir com a obra de Mondrian de forma a solucionar os desafios que o jogo nos apresenta, tudo de forma bastante simples e direta mas nem por isso fácil ou facilitadora. Desde labirintos comparados a redes de metro a replicar a cor da obra original com o mínimo de toques, Please, Touch the Artwork é um jogo em que quando damos por nós já passou bastante tempo mas nunca nos apetece largar o comando. O seu grafismo, limpo e simples, feito fundamentalmente à base das três cores primárias tão utlizadas por Mondrian mais o branco e o preto e uma banda sonora jazzística que encaixa perfeitamente com o ambiente compõem o mundo de Please, Touch the Artwork, que tem data de lançamento na Nintendo Switch marcada já para o dia 3 de setembro de 2022.
The Wreck
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Um “visual novel” em movimento, é assim que propomos definir The Wreck – e um dos responsáveis pelo jogo presente na Gamescom 2022 concorda. The Wreck coloca-nos na pele de uma mulher que vai ter de realizar uma escolha pessoal extremamente difícil e de implicações dolorosas, num desenvolvimento narrativo que se caracteriza por múltiplas memórias do passado que irrompem no presente e que contribuem para explicar uma série de elementos com que nos deparamos e as escolhas que a protagonista vai ter de realizar. A demo presente na Gamescom 2022 mostra apenas uma pequena parte mas do que foi possível experimentar é de realçar o cuidado da direção artística, o trabalho das vocalizações, o recurso à animação “stop motion”, e a carga emotiva do enredo, cujos temas podem deixar alguns jogadores de coração nas mãos. The Wreck, obra da francesa The Pixel Hunt, estará disponível na Nintendo Switch numa data a confirmar algures durante o outono de 2022.
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Apreciador de jogos de outras épocas, não diz que não a uma boa obra dos nossos tempos. Diz-se que é por ele que passam os textos antes da publicação, o que significa que é uma espécie de boss final da escrita para os outros membros da equipa.