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The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel IV – Análise

The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel IV é o culminar de anos de história, a junção de três séries distintas de regiões vizinhas e com uma delas ainda por chegar ao Ocidente. Cold Steel IV conclui uma das maiores séries na história dos videojogos, com um paralelo que talvez se encontre apenas em Kingdom Hearts no número de jogos, e junta-se à tradução de Trails from Zero (recentemente anunciada), e aos jogos Trails to Azure e The Legend of Nayuta: Boundless Trails.

Trails of Cold Steel IV começa duas semanas após o trágico fim de Cold Steel III, cujos eventos deram lugar a um golpe de estado em Erebonia e ameaçam uma subsequente invasão do território da República de Calvard. Guerra declarada, os alunos da Class VII ainda recuperam do choque que foi perder um dos seus colegas, enquanto o seu instrutor Rean encontra-se preso após ter perdido o seu controlo para uma maldição. Juna, que assume a posição de líder da Class VII, está determinada a salvar Rean do seu destino e a travar os planos de Ouroboros, a organização secreta por trás daqueles acontecimentos. Durante esta viagem a Class VII encontra muitas caras conhecidas de Crossbell e Erebonia, eventualmente encontrando os protagonistas da trilogia Trails in the Sky e também do jogo Trails from Zero.

Trails of Cold Steel IV acaba por ser muito semelhante aos predecessores no que toca aos seus sistemas-base, com pequenas alterações e ajustes no combate e trazendo de volta algumas mecânicas de Cold Steel II em relação à personalização de unidades. Em combate podemos novamente convocar os Panzers, unidades de combate mecanizadas que nos ajudam de forma significativa, embora não sejam tão poderosas como antes. Encontram-se outras alterações mais relevantes na progressão das personagens, como a inclusão das Trial Chests de Cold Steel II, que permitem melhorar uma habilidade ao vencer um grupo de inimigos com personagens predefinidas. Além disso, o sistema de Orbments apresenta tambêm algumas alterações, nomeadamente na forma como agora podemos melhorar os Slots para Orbs. Esta funcionalidade já existia em Cold Steel II e volta aqui numa forma de bloquear o jogador de colocar Orbs muito mais poderosos demasiado cedo, tornando a progressão mais linear em relação ao poder de cada personagem.

Infelizmente toda esta personalização acaba por ser um pouco exagerada em consequência do número colossal de personagens jogáveis. Devido ao amplo número de grupos ao nosso dispor a personalização de cada personagem acaba por demorar mais do que necessário, e assim colocar os Orbments e equipamento que queremos em cada personagem torna-se uma dor de cabeça que consome imenso tempo. Existe um botão para os equipar automaticamente, o que facilita um pouco o processo, mas quem prefere fazer a sua própria gestão vai ter de se preparar para perder umas horas nisto. Onde Cold Steel III mais falha é na forma como apresenta mais do mesmo, trazendo-nos de volta a um cenário escolar com uma nova academia e uma nova Class VII. Mesmo com as visitas frequentes de membros antigos, quem jogou os títulos todos até aqui queria sobretudo poder jogar com as personagens que já conhecia, e Cold Steel III acabou por arrastar muito do desenvolvimento destas personagens até muito perto das suas sessenta ou mais horas na campanha principal. Cold Steel IV no entanto já está livre de ter de estabelecer qualquer das personagens que se encontra no ecrã, mostrando todo o elenco da série Trails no que é para todos os efeitos o culminar de anos de história e construção narrativa. 

Isto também se torna uma faca de dois gumes, pois o número astronómico de personagens é extremamente difícil de se manter relevante, e o diálogo entre personagens sofre imenso, exemplificado pelas menções constantes ao protagonista Rean, que é claramente o centro das atenções desde o primeiro Trails of Cold Steel. Rean sempre beneficiou desta atenção durante os diálogos das outras personagens. Os elogios constantes ou a ligeira atração das personagens femininas acabam por ser uma nódoa nos jogos Cold Steel quando comparados à escrita de qualidade da trilogia Trails in the Sky, e tornam-se bastante mais aborrecidos de ler, especialmente após tantas horas.

Visualmente o jogo não difere dos anteriores e esse é sempre um ponto de contenção com a Falcom. Não são os mais vistosos, e a produtora não abandonou o foco no enredo e jogabilidade. No entanto o aspeto visual num jogo destes deveria ser mais trabalhado. Da forma como é apresentado, com os seus ângulos de câmara rígidos e animações artificiais, Trails of Cold Steel IV passa mais por jogo de GameCube do que por algo recente. Outro ponto importante é o número de horas para terminar a campanha. Trails of Cold Steel IV, tal como Cold Steel III, poderiam ter sido o mesmo jogo. Encontram-se aqui horas de conteúdo que podiam ter sido cortadas e que não teriam feito qualquer diferença no enredo. Há muitos momentos parados que pouco ou nada contribuem para o desenvolvimento do jogo, que acaba por se tornar entediante em muitas ocasiões. Mesmo assim, quem aguentou todo o pão que a série nos atirou vai encontrar aqui um final satisfatório, embora um pouco arrastado até chegar lá.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
8 10 0 1
Trails of Cold Steel IV é o fim de uma série gigantesca. Os seus valores de produção podem não ser os melhores mas a Falcom mostra que mesmo com um aspeto visual mais simples e com um foco em qualidade de jogo e no enredo acaba por conseguir algo especial. Para os fãs que esperavam a derradeira conclusão do capítulo de Erebonia, foi uma espera que valeu a pena.
Trails of Cold Steel IV é o fim de uma série gigantesca. Os seus valores de produção podem não ser os melhores mas a Falcom mostra que mesmo com um aspeto visual mais simples e com um foco em qualidade de jogo e no enredo acaba por conseguir algo especial. Para os fãs que esperavam a derradeira conclusão do capítulo de Erebonia, foi uma espera que valeu a pena.
8/10
Total Score

Pontos positivos

  • Enredo completo da série Trails
  • Combate refinado

Pontos negativos

  • Alguns problemas de ritmo do enredo
  • Desempenho com algumas perturbações

André Reis

O chicote que mantém a máquina a funcionar. Entusiasta pela indústria e com um gosto variado, mas com um especial amor por JRPG, nunca deixa escapar uma boa promoção e por consequência tem uma coleção maior do que alguma vez poderá ter tempo para a terminar.