Pokémon Legends: Z-A – Análise
Mesmo com o lançamento da sua sucessora, a Nintendo Switch tem recebido bastantes jogos no ano de 2025 capazes de tirar partido da sua enorme base de jogadores, não fosse esta uma das mais bem sucedidas consolas da Nintendo. A Switch já convive connosco há vários anos, e há algum tempo que acusa a idade com um número crescente de jogos tecnologicamente limitados. Se Pokémon Scarlet & Violet é um bom exemplo disso, é expectável que exista algum receio em relação ao novo Pokémon Legends: Z-A , que apresenta uma proposta muito diferente do predecessor. Em Legends Arceus viajámos ao passado; aqui ficamos na atualidade e a ação desenrola-se em Lumiose, vários anos depois dos eventos de Pokémon X/Y. Não há uma região de Kalos para explorar, apenas a cidade, baseada em Paris, e que serve de palco para toda a aventura.

A escala do jogo levanta dúvidas. Lumiose tenta compensar com verticalidade, exploração pelos telhados, e alguma vida subterrânea. Há muito para fazer, muitos pokémon para apanhar, itens para encontrar, missões secundárias para cumprir, mas com o tempo, a repetição começa a pesar. O mapa é pequeno e isso nota-se. O ciclo dia/noite traz uma das decisões mais difíceis de compreender do jogo: sempre que passamos do dia para a noite ou vice-versa, surge uma animação brusca que reinicia tudo o que estivermos a fazer naquele momento. Isto inclui combates e capturas de pokémon, quando a animação começa a nossa atividade é reiniciada e perdemos o que nela fizemos até então. É desconcertante ver Pokémon regredir numa mecânica que existe há décadas sem problemas. Durante a noite decorre o torneio que dá nome ao jogo. Os combates dão pontos que nos permitem subir na classificação e desbloquear combates mais exigentes.
A progressão é bem implementada e o desafio mantém-se constante. Atacar inimigos desprevenidos dá-nos vantagem, o que mexe com a dinâmica mas reduz um pouco a dificuldade. O combate abandona o formato por turnos e adota um estilo mais próximo de um jogo de ação. A nossa personagem está dentro da arena e com isso, pode sofrer danos e até perder o combate se formos atingidos demasiadas vezes. Isto obriga-nos a estar constantemente em movimento e a procurar ângulos seguros. Os ataques em Legends Z-A já não têm PP, agora têm um período de recuperação, o que impõe uma gestão mais estratégica para a sua utilização. O período de recuperação também se aplica aos itens, o que põe fim ao uso excessivo de poções e itens para ressuscitar as criaturas.

Os pokémon já não têm de esquecer um ataque anterior para aprender um ataque novo: ficam todos disponíveis, mas só podem ser usados quatro de cada vez. A mega evolução regressa com energia acumulada e dura enquanto houver carga. Nem todos os pokémon a têm, mas Legends Z-A conta com várias mega evoluções novas. Visualmente, encontram-se aqui ideias fortes, bem como outras menos inspiradas, mas no geral funcionam bem e enriquecem os combates. Alguns combates contra mega evoluções são intensos, e exigem bastante atenção à arena e à posição da nossa personagem. A nível do desempenho, o jogo apresenta algumas limitações bem visíveis. Legends Z-A corre de forma aceitável, mas com quedas de fluidez nos locais mais densos ou em combates caóticos. Os “pop-ins” são frequentes e notam-se demasiadas situações onde objetos e personagens entram dentro uns dos outros. Os tempos de carregamento são curtos, mas a sensação geral é que o motor gráfico está no limite. A poupança de recursos nos edifícios, que apresentam paredes planas e quase sem textura, é muito evidente. Nada disto coloca entraves à jogabilidade, mas marca esta versão de Pokémon Legends Z-A como um jogo amarrado a um hardware antigo.
A história é simples mas eficaz, e faz um bom uso de personagens anteriores na construção de um elenco carismático, provavelmente um dos melhores da série nos últimos tempos. A personalização é extensa e feita através das visitas às muitas lojas que se encontram na cidade de Luminose, o que não surpreende para uma cidade baseada em Paris. Encontram-se mais opções de vestuário feminino que masculino, mas sem comprometer a qualidade e variedade. O conteúdo é denso, com um enredo longo, combates desafiantes, muitas missões secundárias e bastante exploração após terminarmos o jogo. A interação entre as personagens continua sem usar vocalizações, e apesar de algumas escolhas de diálogo nos textos, não alteram a narrativa e o desenrolar do enredo de forma impactante. A banda sonora é magistral e conta com temas clássicos e novas composições de tom urbano, que combinam bem com Lumiose. Apanhar pokémon é mais simples do que em Arceus, com zonas específicas que indicam as espécies que ali vamos encontrar. Mesmo assim, exige uma certa dose de planeamento: horário, aproximação furtiva e escolha da pokébola certa. Existe ainda uma personagem que recupera as pokébolas perdidas. Útil, mas secundário.
A componente online compreende o Z-A Battle Club, trocas via Link Play, e os chamados Mystery Gifts. O Battle Club é divertido e permite até quatro jogadores em combates em tempo real para tentar fazer o maior número de KOs em três minutos, enquantos nos combates com classificação subimos de Z a A, e recebemos itens e mega stones exclusivas, mas requer uma subscrição ativa do serviço Nintendo Switch Online. As trocas e os Mystery Gifts funcionam da forma a que já nos habituámos, sem nada a acrescentar. A compatibilidade com o Pokémon Home ainda não é uma realidade mas está prometida para 2026.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Combate muito mais dinâmico
- Mega evoluções bem integradas na história principal
- Muito conteúdo, apesar da escala reduzida
- Personagens fortes e enredo bem conduzido
- Banda sonora muitíssimo boa
Pontos negativos
- Escala do mapa torna a exploração repetitiva a médio prazo
- Problemas na transição dia/noite
- "Pop-ins", fluidez irregular, e objetos que entram uns pelos outros

Após passar grande parte da sua infância em Hyrule e no Mushroom Kingdom dedica-se agora a explorar o vasto universo digital que o rodeia. Embora seja entusiasta de novos títulos é possível encontrá-lo frequentemente a revisitar os clássicos.

