Pokémon Legends: Z-A – Nintendo Switch 2 Edition – Análise
Pokémon Legends está de regresso e com uma proposta bastante diferente da original. Se em Legends Arceus viajámos ao passado e explorámos as origens da região, neste Pokémon Legends: Z-A vamos explorar Kalos anos depois dos acontecimentos de Pokémon X & Y.
Desta feita, o jogo desenrola-se na cidade de Lumiose, visivelmente baseada em Paris. Se um jogo de mundo aberto a decorrer numa só cidade não é novidade, a pequena escala do local deixa algumas dúvidas sobre a capacidade de garantir uma experiência envolvente e variada num jogo que se prevê longo. Após várias horas na cidade ficamos com uma impressão agridoce a este respeito. O jogo explora de forma intensa o espaço reduzido que apresenta, aproveitando os telhados para a exploração (não fosse Paris o berço do parkour, inclusive o subterrâneo). Há imenso conteúdo para descobrir, desde os pokémon para apanhar, objetos que se encontram ao longo do percurso, e imensas missões secundárias. No entanto, a escala pequena torna a exploração algo monótona a médio prazo. Lumiose apresenta mudanças conforme seja noite ou dia. É aqui que encontramos uma das características mais frustrantes do jogo: na transição dia-noite e noite-dia, o jogo é interrompido por uma animação que marca a mudança no ciclo. Esta transição reinicia tudo o que o jogador estiver a fazer, e é muito frustrante sermos apanhados em pleno combate com um alfa e perder o nosso avanço, ou perder a oportunidade quando lançamos a pokébola para apanhar um pokémon mais difícil. Não se compreende como uma dinâmica que funcionou tão bem durante 26 anos agora porta-se de forma oposta.

Durante a noite podemos entrar em combates para avançar num torneio que dá o nome ao jogo. No espaço de combate podemos enfrentar vários adversários e ganhar os chamados Ticket Points, que nos permitem subir de nível. À medida que subimos, o desafio torna-se mais exigente, mas isto acontece de forma equilibrada, o que permite manter o combate desafiante ao longo do jogo. Atacar um adversário desprevenido põe-nos em vantagem, o que traz uma dinâmica nova, mas retira uma parte do desafio. O estilo de combate apresenta muitas diferenças face ao habitual na série Pokémon, passando do clássico combate por turnos para algo mais próximo de um combate de ação. Para começar, a nossa personagem encontra-se agora integrada na arena de combate, o que nos expõe a danos e podemos até perder o combate. É assim importante mover a nossa personagem de forma inteligente para procurar o melhor ponto de ataque ao adversário. Os ataques deixam de ter PP limitados e passam a ter um período de recuperação, o que traz uma mudança na forma como os abordamos. Se antes ter a bolsa cheia de poções era sinónimo de uma enorme vantagem, este jogo também adotou o período de recuperação para os itens. A forma como os pokémon aprendem ataques também foi alterada. Se antes aprender um ataque novo obrigava a esquecer outro, em Z-A isso não acontece, e todos ficam disponíveis no leque de opções, mas mantém-se o limite de quatro por pokémon.

A mecânica da mega evolução também marca o seu regresso, o que contribui para um combate mais versátil. Esta pode ser ativada após juntar energia suficiente e dura até esta ser esgotada. A mega evolução permite ataques mais fortes e um incremento nas características dos pokémon, o que nos dá vantagem em momentos mais exigentes. Obviamente este recurso não se encontra disponível para todos os pokémon, mas ao grande número de criaturas que já tinham esta capacidade em Pokémon X & Y juntam-se agora novas mega evoluções. Esteticamente, a sensação é algo desigual: há desenhos inspirados e outros que roçam o tosco. É impossível agradar a todos, mas no seu conjunto, as novas mega evoluções estão bem conseguidas e acabam por valorizar o jogo, trazendo mais de duas dezenas de criaturas ao elenco. Este é apresentado de forma inteligente e gradual durante a história principal, criando um combate intenso contra alguns pokémon com mega evolução. Estes combates impõem um nível de desafio muito exigente para mantermos a nossa personagem de pé enquanto tentamos vencer o adversário. Seria de temer encontrar algumas limitações técnicas e problemas de desempenho nos momentos mais intensos, com tanta coisa a acontecer. Felizmente na Switch 2 o jogo corre de forma bastante fluida, ainda que se notem alguns “pop-ins” e objetos que atravessam paredes, mas observa-se uma evolução positiva face ao Legends anterior.

Os tempos de carregamento são céleres e não há nada a assinalar nesse aspeto. Isto deve-se não só às capacidades da Switch 2 mas também à opção visual aqui implementada, que embora se mantenha em linha face a propostas passadas, precisa claramente de uma atualização que (esperamos) chegue na próxima geração. Nos cenários nota-se uma poupança de recursos nos edifícios, onde as plantas e até mesmo as varandas não têm forma, apresentando-se como desenhos planos, o que não é problemático per se para a jogabilidade, e se este tipo de gestão de recursos permitiu ao jogo funcionar de forma competente tanto melhor. Mas são pormenores que numa série com tanto sucesso e tempo de mercado já deveriam ter sido abordados.
O enredo é interessante, e faz um uso louvável de personagens do jogo anterior, fazendo uma boa transição para este novo jogo. As personagens são muito carismáticas, provavelmente o melhor elenco dos últimos anos na série Pokémon. A nossa personagem é personalizável, a quantidade de recursos para o fazer é muito vasta e é desbloqueada gradualmente através das lojas que se encontram na cidade, ou não fosse Lumiose baseada em Paris. Existe, isso sim, um desequilíbrio visível entre as opções masculinas e femininas, ainda que não seja demasiado limitativo. A quantidade de conteúdo é enorme em relação ao tamanho do mapa. Além de o enredo ser bastante longo, quer pela história em si quer pela dificuldade de alguns combates que exigem uma abordagem mais estratégica, existem imensas missões secundárias bastante variadas para complementar a aventura, e muito para descobrir e explorar após terminarmos o jogo.

A interação entre as personagens continua a fazer-se com recurso a caixas de texto e são-nos dadas opções de resposta. Embora este aspeto tenha melhorado face a jogos anteriores, continua a ser algo artificial, sem grande impacto na forma como o enredo se desenrola. Já a banda sonora é fantástica, seguindo o estilo clássico da série com muitas faixas reconhecíveis, e apresenta composições novas num estilo muito metropolitano e tranquilo que acompanham muito bem a exploração e ação. Apanhar os pokémon e completar o Pokédex é agora um pouco mais simples, uma vez que as criaturas se encontram concentradas em alguns pontos do mapa e devidamente assinaladas. Mesmo assim, é preciso realizar uma exploração eficaz da zona, tanto de noite como de dia, bem como recorrer a uma abordagem mais furtiva quando se trata de apanhar pokémon mais tímidos. Também se encontram pokémon fora desses espaços, mas na grande maioria dos casos teremos acesso a eles durante a exploração nas missões principais e secundárias. Se as pokébolas não acertarem o alvo, a cidade tem um funcionário encarregue de percorrer as ruas em busca das bolas perdidas e que as recupera para o jogador sempre que solicitado, um recurso novo que facilita a gestão de inventário, mas que na prática não é de todo decisivo.
A experiência online é bastante interessante, e permite atualmente três opções distintas: o Z-A Battle Club (PVP), as trocas através do Link Play, e o sistema de Mystery Gift. No Z-A Battle Club podemos jogar em tempo real com até quatro jogadores, em modo local ou online, em combates privados ou com classificação. O objetivo é derrotar o máximo de pokémon durante três minutos, uma dinâmica interessante que assenta como uma luva neste novo sistema. Nos combates com classificação subimos da posição Z à A, mas de uma forma muito mais interessante que no jogo principal, pois a nossa classificação aqui demonstra o nosso nível de capacidade e não em que ponto nos encontramos na história. Como incentivo, recebemos itens valiosos e Mega Stones exclusivas, que requerem uma conta Nintendo Switch Online ativa. O sistema de trocas Mystery Gift não mostra grandes mudanças face ao habitual. Podemos receber recompensas de eventos ou usar códigos, normalmente dentro de intervalos de tempo limitados pelo que é importante estar atento às novidades. O Pokémon Home ainda não se encontra disponível, a sua integração está prometida para 2026, pelo que será possível guardar os novos pokémon ou trazer ao jogo os companheiros de longa data.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Sistema de combate muito mais dinâmico
- Mega Evoluções bem integradas
- Enorme densidade de conteúdo
- Elenco de personagens muito carismático e bom uso de figuras do passado
- Banda sonora excelente e desempenho técnico fluido na Switch 2
Pontos negativos
- Escala reduzida de Lumiose torna a experiência algo repetitiva
- Transição dia/noite acarreta um erro frustrante
- Aspeto visual irregular

Após passar grande parte da sua infância em Hyrule e no Mushroom Kingdom dedica-se agora a explorar o vasto universo digital que o rodeia. Embora seja entusiasta de novos títulos é possível encontrá-lo frequentemente a revisitar os clássicos.

