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Tales of Xillia Remastered – Análise

Volvida mais de uma década desde a sua chegada à PlayStation 3, Tales of Xillia regressa num “remaster” que marca a sua estreia numa consola Nintendo. Tal como outros jogos da série Tales, este “remaster” não pretende revolucionar a conhecida fórmula da série, optando antes por melhorar a experiência, já muito apreciada pelos fãs. O enredo e o desenho de jogo mantêm-se fiéis ao original, preservando tanto os seus pontos fortes como as suas fragilidades, numa abordagem que privilegia a nostalgia e a acessibilidade a novos jogadores, sem recorrer a modernismos desnecessários.

A aventura começa com uma escolha dupla: o jogador pode assumir o papel de Jude Mathis ou de Milla Maxwell, dois protagonistas cujas perspetivas distintas acompanham os mesmos eventos. Esta decisão inicial dá um toque fresco à estrutura narrativa, permitindo vislumbrar alguns acontecimentos através de ângulos diferentes, embora o enredo principal permaneça essencialmente inalterado. Em termos de história, Tales of Xillia apresenta uma trama clássica de JRPG: um mundo fantástico, Rieze Maxia, encontra-se ameaçado por uma energia devastadora e pelas ambições desmedidas de certas fações; cabe assim ao nosso grupo de heróis impedir uma catástrofe. Não é um enredo particularmente inovador ou imprevisível; pelo contrário, recorre a vários dos lugares-comuns do género, desde a ameaça apocalíptica até às lições de amizade e perseverança. Ainda assim, a narrativa funciona de forma competente, entregando um ritmo equilibrado entre sequências dramáticas e momentos de descontração que evitam que a jornada se torne aborrecida.

O elenco de personagens ajuda a elevar esta história familiar. Jude e Milla são protagonistas carismáticos, com motivações distintas que trazem dinamismo à história, e a química entre ambos é bem explorada ao longo do jogo. Os companheiros que se juntam à aventura também cumprem bem os seus papéis: cada um contribui com personalidades vincadas e interações divertidas (muitas vezes através de diálogos opcionais cheios de humor e contexto). É verdade que poucos fogem aos arquétipos típicos dos JRPG: temos o veterano sábio, a jovem inocente com um poder misterioso, o mercenário enigmático, mas no seu conjunto o grupo é envolvente o suficiente para desenvolvermos uma ligação com o destino das personagens. Por outro lado, quem procurar uma história realmente ambiciosa vai notar algumas limitações: certos arcos narrativos são resolvidos de forma apressada, e o vilão principal carece de complexidade, em parte porque Tales of Xillia foi concebido já a pensar numa sequela que desenvolveria melhor estas pontas soltas. No entanto, apesar de não surpreender, a estrutura narrativa faz um bom trabalho. É eficaz a conduzir a ação e proporciona vários momentos memoráveis, mesmo que dentro de um molde já conhecido.

O sistema de combate mantém-se tão divertido e frenético como no original, consolidando-se como um dos melhores da série Tales of. Trata-se de um RPG de ação em tempo real, onde controlamos diretamente uma personagem numa arena 3D enquanto os companheiros lutam apoiados pela IA (ou por outro jogador, graças ao modo cooperativo local durante os combates). A grande inovação é o sistema de ligações: podemos ligar a nossa personagem a um dos companheiros em campo, formando pares que cooperam de forma especial. Esta mecânica traz várias camadas estratégicas, quando ligadas as personagens atuam em dueto, posicionando-se de forma coordenada e até desbloqueando habilidades conjuntas chamadas Linked Arts. Jude pode ligar-se a Milla para desencadearem um ataque devastador que funde as habilidades de ambos, ou Alvin pode unir forças com Elize para tirar partido dos pontos fracos do inimigo. Cada membro da equipa tem um efeito de ligação único (Jude pode curar-nos automaticamente, Leia pode surripiar itens dos inimigos, etc.), o que incentiva a experimentar os diferentes pares conforme a situação. Adicionalmente, é possível alternar livremente o controlo direto entre os membros durante o combate, mantendo as batalhas dinâmicas para responder a ameaças específicas ou aproveitar determinadas habilidades. O resultado são confrontos rápidos, fluidos e visualmente espetaculares, onde combos aéreos, feitiços e golpes sincronizados se encadeiam sem quebras de ritmo.

Naturalmente, o passar dos anos revela algumas limitações técnicas quando se joga na Nintendo Switch. Uma das grandes vantagens de Tales of Xillia Remastered na Switch é poder levá-lo para onde quisermos. A adaptação portátil deste clássico JRPG mostra como um jogo deste género se encaixa numa consola híbrida, com algumas considerações importantes. No ecrã da Switch, o jogo corre a 720p e com uma apresentação visual muito favorecida, sobretudo nos modelos mais recentes OLED, com as suas cores vibrantes. Os cenários e personagens são nítidos, e apesar de alguns pormenores menos complexos devido à idade do jogo, o estilo anime continua a sobressair e a menor resolução torna-se menos perceptível no ecrã da consola. Este “remaster” corre apenas a 30 fotogramas por segundo em toda a experiência, ao contrário do original na PS3 que atingia 60 durante os combates. Ainda que 30 fps permitam uma boa resposta aos nossos comandos, nota-se uma pequena diferença na suavidade, e pontualmente ocorrem quebras ligeiras da fluidez em momentos mais caóticos ou em espaços densos, o que é uma pena para quem esperava um desempenho irrepreensível. No som, Tales of Xillia mantém a boa qualidade típica da série. A banda sonora, composta em grande parte pelo veterano Motoi Sakuraba, embala a aventura com temas orquestrais e melodias marcantes: desde músicas animadas que acompanham os combates até peças mais suaves e atmosféricas que nos inserirem em cada região visitada. Os efeitos sonoros cumprem bem a sua função: espadas a tilintar, feitiços a ecoar, brados das personagens ao executar golpes especiais. Quanto às vozes, temos agora a opção de áudio original japonês ou a dobragem em inglês.

No que toca a conteúdos extra e opções cosméticas, esta edição definitiva não desilude. Todos os conteúdos adicionais (DLC) lançados originalmente, como fatos alternativos para as personagens, chapéus e adereços, bem como missões ou itens de bónus, estão incluídos. Podemos personalizar a aparência da nossa equipa desde cedo com uma variedade de trajes (roupas simples, fantasias temáticas ou os populares acessórios caricatos da série Tales), o que não impacta o jogo em si mas dá carisma e opções estéticas para quem gosta. Para os jogadores que queiram tirar o proveito máximo do jogo, existe também o Grade Shop, agora acessível desde início com algumas opções disponíveis, onde podemos gastar pontos para ativar benefícios, como aumentar a experiência ganha, manter certas habilidades ou itens de um jogada anterior, entre outros. Tales of Xillia Remastered apresenta um equilíbrio entre complexidade e acessibilidade.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
8 10 0 1
Para os fãs de JRPGs, especialmente os aficionados da série Tales of, esta edição é fácil de recomendar: é a oportunidade de (re)descobrir um bom capítulo, agora com maior conveniência e disponibilidade. Para novos jogadores, representa um mergulho num mundo cativante que, mesmo não tendo a exuberância técnica de jogos mais recentes, traz uma aventura robusta, emotiva e gratificante.
Para os fãs de JRPGs, especialmente os aficionados da série Tales of, esta edição é fácil de recomendar: é a oportunidade de (re)descobrir um bom capítulo, agora com maior conveniência e disponibilidade. Para novos jogadores, representa um mergulho num mundo cativante que, mesmo não tendo a exuberância técnica de jogos mais recentes, traz uma aventura robusta, emotiva e gratificante.
8/10
Total Score

Pontos positivos

  • Enredo cativante e bom elenco de personagens
  • Sistema de combate mantém-se fluido, dinâmico e gratificante
  • Edição completa com conteúdo extra incluído

Pontos negativos

  • Melhorias gráficas limitadas e modelos datados
  • Desempenho não passa dos 30 fps

Nuno Nêveda

Calorias, nutrientes e Nintendo. Três palavras que definem o maior fã de F-Zero cá do sítio. Adepto de hábitos alimentares saudáveis, quando não anda atrás de uma balança, costuma estar ocupado com as notícias mais prementes e as análises mais exigentes.

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