Formula Legends – Análise
Formula Legends é uma proposta singular de corridas de automóveis que junta elementos de simulação a um espírito “arcade” e que conta com uma direção artística muito própria e original. O jogo começa por nos explicar que todos os nomes presentes são fruto da imaginação do estúdio, e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. E quem somos nós para duvidar? Acreditamos a 100%. Ainda assim, há coincidências felizes, e os aficionados vão reconhecer facilmente todos os elementos e referências, a grande maioria das vezes com um sorriso pela forma criativa e original como tudo é reinterpretado ao ponto de ficarmos agradecidos por a 3D Clouds não ter adquirido as licenças.

O ambiente visual foi inspirado pelo estilo “chibi”, cartunesco, mas nos elementos que realmente contam como veículos, pistas e mudanças meteorológicas nota-se claramente que foi investido mais tempo e cuidado nos pormenores. A jogabilidade exige alguma habituação, sobretudo nas travagens, mas isto esbate-se à medida que vamos ganhando experiência. O traçado sugerido, que noutros jogos surge em linhas verdes, amarelas e vermelhas sobrepostas na pista, aqui aparece como marcas de travagem no asfalto, o que torna tudo mais orgânico e realista. Apesar de um aspeto mais infantil, as corridas são para levar a sério. Sair da pista dá direito a uma penalização, enquanto empurrar adversários ou colisões comprometem o veículo, o que obriga a uma condução limpa e próxima de um simulador. Fatores como a escolha de pneus para cada corrida são fundamentais, e podem fazer a diferença entre a vitória e a derrota. Como as condições meteorológicas podem alterar-se de forma repentina e inesperada, uma decisão que parecia perfeita na grelha de partida pode tornar-se um erro a meio da prova. Quando isso acontece, temos de passar pelas boxes, onde podemos mudar de pneus, fazer reparações e reabastecer. Este processo não é automático, ele surge sob a forma de um minijogo onde os tempos de resposta são postos à prova e o tempo de paragem na box tem um impacto decisivo no tempo da prova.

Os efeitos sonoros da corrida encontram-se geralmente bem implementados no que toca aos sons do veículo, como a aceleração e travagens, faltando-lhe um pouco de dinâmica nos extremos mas cumprindo o seu propósito de forma eficaz. Já a banda sonora está longe de ser memorável. É funcional, repetitiva e dilui-se em poucas voltas. Não confere identidade nem ritmo à experiência, e não custa nada desligá-la e deixar que a paisagem sonora da pista faça o trabalho. Quanto aos modos de jogo, o intitulado “modo história” não nos coloca na pele de um piloto com um enredo cinematográfico. Em vez disso, leva-nos numa travessia pelos campeonatos e estilos de várias décadas. Não é um enredo tradicional, mas sim uma viagem pela história do desporto automobilista, bem organizada e concentrada no que realmente interessa, e reflete a identidade do jogo, baseada em competir e sentir cada época.
Temos ainda um modo de jogo personalizado, onde montamos regras à nossa medida. E, claro, o inevitável contrarrelógio onde podemos tentar afinar os nossos tempos sem constrangimentos competitivos. A ausência mais notória é a de uma componente multijogador, tanto local como em rede. De qualquer forma a campanha a solo é exigente e mostra uma longevidade saudável, e o conteúdo é desbloqueado progressivamente. No patamar de dificuldade mais alto seria bem-vindo se o jogo apresentasse alguma afinação, já que a IA dá por vezes sinais de alterar o desempenho dos adversários para manter a corrida competitiva e aqueles acabam por sofrer menos desgaste do que seria de esperar. As capacidades portáteis da Nintendo Switch parecem favorecer o formato, que se ajusta a sessões curtas de jogo ou mais longas, adaptando-se perfeitamente à disponibilidade do jogador.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Direção artística
- Nomes dos elementos
- Sistema de condução bem implementado e exigente
Pontos negativos
- Falta de componente multijogador

Após passar grande parte da sua infância em Hyrule e no Mushroom Kingdom dedica-se agora a explorar o vasto universo digital que o rodeia. Embora seja entusiasta de novos títulos é possível encontrá-lo frequentemente a revisitar os clássicos.