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Master Detective Archives: RAIN CODE – Análise

Master Detective Archives: RAIN CODE apresenta-se como um sucessor da série Danganronpa dadas as semelhanças no aspeto visual e na escrita, ambos provenientes daquele poço de criatividade infindável que é Kazutaka Kodaka. O resultado é uma combinação de elementos de aventura, “visual novel”, e ação que apesar de tudo, fica aquém da grandeza da série que a precede.

O jogador desempenha o papel de Yuma Kokohead, um jovem amnésico em busca da sua verdadeira identidade na cidade de Kanai Ward, território controlado por um conglomerado sinistro de nome Amaterasu e que emprega um corpo policial privado conhecido como os “Peacekeepers”. Yuma é identificado como membro do coletivo “World Detective Organization”, uma sociedade de detetives que investiga os mistérios de Kanai Ward, e quiçá com o objetivo de a libertar da tirania da Amaterasu. Como resultado de um acontecimento inesperado, é revelado que Yuma realizou um pacto com um deus da morte, Shinigami, que lhe concedeu poderes de investigação especiais em troca das suas recordações.

A aventura está estruturada por capítulos, cada um correspondente a um caso que se divide em duas partes distintas. Na primeira parte somos confrontados com um momento de exposição inicial sobre as circunstâncias do mistério a resolver, normalmente seguido de sequências de exploração com o objetivo de reunir provas e testemunhos com o auxílio de outros detetives da mesma organização. Concluído este trabalho, Yuma é colocado em masmorras apelidadas genericamente de “Mystery Labyrinths” onde a jogabilidade assume os moldes de um típico jogo de ação.

Estes labirintos são percorridos na companhia de Shinigami, que se materializa numa jovem demoníaca com um sentido de humor no mínimo bizarro, e que serve de guia para ultrapassar desafios durante a travessia. Estes obstáculos são essencialmente um conjunto de minijogos diferentes, todos eles com o objetivo de desvendar aspetos diferentes do caso, e podem ir de um jogo da forca visualmente criativo a um embate com uma criatura que vomita acusações nefastas e que têm de ser evitadas, até que ela utilize um argumento que o jogador possa contrariar diretamente com provas recolhidas anteriormente. Os minijogos são simples mas divertidos, e suficientemente variados para que nunca se tornem aborrecidos. É pena que entre cada um destes momentos encontremos apenas corredores banais com o único propósito de os ligar entre si enquanto se sucedem diálogos entre Yuka e Shinigami.

Um dos maiores problemas da experiência relaciona-se diretamente com o ponto anterior: a maioria das interações entre personagens ao longo da aventura decorre entre Yuka e Shinigami. O elenco de personagens é longo e bem feito, e nelas podemos ver refletida a criatividade habitual de Rui Komatsuzaki. Para além do capítulo específico em que algumas personagens intervêm com mais protagonismo, não existem oportunidades quase nenhumas no resto do jogo em que seja possível interagir de novo com elas. Acabam por ser pouco desenvolvidas, desperdiçando o seu potencial considerável, dada a facilidade com que Kodaka sempre escreveu personagens cativantes, incluindo estas. É igualmente pena que não existam quaisquer atividades secundárias, o que por sua vez agrava também o facto de Kanai Ward servir como pouco mais do que uma zona de transição entre as etapas da aventura. É uma localização muito apelativa de um ponto de vista visual, e que teria muito mais para oferecer do que as secções diretamente ligadas a qualquer que seja o acontecimento corrente.

Como referido, Master Detective Archives: RAIN CODE emprega um estilo visual imaculado que se reflete não só no excelente aspeto das suas personagens como também na arquitetura de Kanai Ward e de cada um dos labirintos. Dadas as limitações técnicas da Nintendo Switch, a resolução não é a mais desejada, resultando ocasionalmente em texturas visualmente pobres e cores que não são tão vibrantes como o pretendido. As quebras na fluidez são raras, mas os tempos de carregamento são algo erráticos, demorando mais tempo que o normal em determinadas ocasiões. Já a banda sonora é fantástica, composta maioritariamente por faixas que combinam música eletrónica, jazz e hip-hop, cortesia de Masafumi Takada, também ele conhecido sobretudo pelo seu trabalho na série Danganronpa.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
7 10 0 1
Em muitas das suas vertentes Master Detective Archives: RAIN CODE é uma evolução natural de vários conceitos e mecânicas de jogabilidade introduzidas na série Danganronpa mas que acaba por sacrificar vários elementos que tornaram aqueles jogos tão apelativos. O resultado é uma obra que não aquece nem arrefece face aos seus antecessores, mas que não deixa de ser um jogo divertido, mesmo que não se trate do passo em frente que seria esperado da Too Kyo Games.
Em muitas das suas vertentes Master Detective Archives: RAIN CODE é uma evolução natural de vários conceitos e mecânicas de jogabilidade introduzidas na série Danganronpa mas que acaba por sacrificar vários elementos que tornaram aqueles jogos tão apelativos. O resultado é uma obra que não aquece nem arrefece face aos seus antecessores, mas que não deixa de ser um jogo divertido, mesmo que não se trate do passo em frente que seria esperado da Too Kyo Games.
7/10
Total Score

Pontos positivos

  • Direção artística impecável
  • Mistérios bem redigidos
  • Jogabilidade variada e divertida

Pontos negativos

  • Personagens secundárias pouco desenvolvidas
  • Kanai Ward mal aproveitada
  • Resolução de ecrã reduzida

Diogo Caeiro

Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.