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AEW: Fight Forever – Análise

O “wrestling” profissional sempre foi uma modalidade bastante competitiva e ao longo das últimas décadas inúmeras promoções tentaram de tudo para ser a marca dominante. Embora seja visível que a WWE (anteriormente conhecida como WWF) saiu claramente à frente, as suas concorrentes são inúmeras e o espaço continua a ser bastante disputado. Eis que surge a AEW, que não só é a maior concorrente da WWE desde os tempos áureos da TNA, como também a sua rival mais forte desde o início. Com vista a pôr fim a um monopólio nos videojogos representado por séries como Smackdown vs Raw e 2K, a AEW entrou no ringue com o seu primeiro videojogo ambicioso. Desenvolvido pela Yukes, estúdio veterano do género, AEW: Fight Forever posiciona-se como um sucessor espiritual de experiências mais “arcade” como No Mercy, que é visto como um dos melhores jogos da Nintendo 64.

A jogabilidade é bastante centrada em agarrar o adversário para em seguida executar outros movimentos e sequências mais desenvolvidas. Não é um sistema capaz de criar um ritmo de ação ininterrupta como acontece com WWE 2K23, optando antes por proporcionar momentos vistosos ao longo do combate. É uma escolha que não vai agradar a todos, mas que se enquadra perfeitamente no tipo de experiência que Fight Forever pretende criar. Quanto mais variados e mais bem sucedidos forem os ataques do jogador, mais cresce o indicador de ímpeto que permite executar os chamados “Signature Moves” e os “Finishers”, ataques exclusivos de cada lutador e que atuam como as suas imagens de marca. Executar sequências como o “Snap Dragon Suplex” seguido de um “V-Trigger” de Kenny Omega é sempre divertido, acompanhados de repetições a partir de ângulos diferentes que ilustram bem o impacto no adversário. Nas dificuldades mais avançadas é ainda necessário ter em conta quais os momentos mais oportunos para bloquear as investidas do adversário e a melhor forma para conseguir uma reviravolta, o que serve de base para um contra-ataque.

A modalidade principal de jogo em Fight Forever é conhecida como “Road to Elite” e coloca o jogador na posição de uma jovem promessa à beira de assinar um contrato com a AEW e onde assistimos a alguns dos momentos mais importantes deste nome do “wrestling”. “Road to Elite” conta ainda com uma quantidade significativa de vídeos destes momentos, uma boa forma de os fãs reviverem esses fragmentos de história e simultaneamente, é também uma apresentação aos novos fãs. O avanço decorre em períodos de quatro dias, cada um representativo de uma semana que culmina num combate para o programa de televisão Dynamite, onde o jogador compete até se tornar o “AEW World Champion”, o título mais importante da organização. Os dias que precedem cada combate são fulcrais para desenvolver o nosso lutador e temos de escolher em que atividades participamos para prepararmos combates cada vez mais difíceis. Isto vai desde sessões de treino a visitas a locais emblemáticos, do ponto de vista da jogabilidade nenhuma escolha é particularmente diferente com exceção de alguns minijogos, mas os seus efeitos serão sentidos e terão todos um papel no desempenho do nosso lutador.

Os problemas de Fight Forever começam exatamente quando nos apercebemos da falta de conteúdo que o jogo apresenta após decorridas as horas iniciais à volta de “Road to Elite”. É difícil de perceber como é que um jogo se apresenta neste estado e é vendido pelo preço de €59,99. Para começar, a variedade dos combates é muito reduzida e faltam aqui exemplos como o “Steel Cage Match”, ou combates 3 vs. 3, que é aliás presença habitual nos combates da AEW. Os minijogos não preenchem esta lacuna, uma vez que são bastante simples e aborrecidos. Pela negativa destaca-se também o “AEW Pop Quiz”, um jogo de perguntas e respostas de qualidade paupérrima.

Com um preço de venda alto por si só, também não se compreende a quantidade de conteúdos descarregáveis. Encontram-se aqui vários combatentes que exigem um “download” pago quando deviam estar incluídos no jogo inicial, como a dupla FTR, enquanto a ausência de favoritos do público como Samoa Joe, Claudio Castagnoli ou a dupla The Acclaimed é completamente incompreensível. A divisão feminina sofre do mesmo problema, e as ausências de Jayme Hayter e Saraya saltam à vista. Inexplicavelmente, Toni Storm, detentora do título “AEW Women’s World Champion”, também não marca presença no jogo. O modo de criação de lutadores é limitado e é praticamente impossível criar uma personagem com o mínimo de profundidade. A criação de arenas é mais divertida dada a quantidade bizarra de adereços desbloqueáveis. Mesmo assim, está muito aquém do que se encontra na concorrência, e uma vez que estes elementos são importantes para manter a atenção dos jogadores, arrisca-se a ser rapidamente esquecido pela comunidade.

Já no que diz respeito à sua componente visual, estamos perante um jogo débil e que apresenta muitos dos problemas que afetam jogos com lançamentos em todas as plataformas. Os modelos são competentes e a direção artística bastante aprazível, mas a resolução é demasiado baixa, sobretudo quando jogado no ecrã da Switch. Sem conhecimento prévio de quem é quem, seria difícil identificar alguns combatentes pela sua aparência, inaceitável para um jogo dedicado ao “wrestling”. A prestação do jogo é fraca, embora melhor do que se poderia esperar pela sua realização gráfica. Não sendo de todo ideal, é perfeitamente jogável relativamente a outras produções mais problemáticas.

Existe claramente uma lacuna no mercado que pode ser preenchida com jogos como este, mas não neste estado, e nunca por este preço. A jogabilidade divertida não é suficiente para colmatar todas as falhas, algumas muito graves para um estúdio como a Yukes. Embora consiga apanhar parcialmente a essência distinta da AEW, o caminho a percorrer é ainda muito longo até ser capaz de ombrear com as produções da sua maior rival.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
4 10 0 1
AEW: Fight Forever constitui uma interpretação errada do que fez No Mercy, um jogo que é ainda hoje muito apreciado pelos fãs. O seu elenco de lutadores inexplicavelmente desfalcado, a ausência de modos de jogo essenciais, e o seu preço de venda elevado tornam este jogo difícil de recomendar, até aos fãs mais acérrimos.
AEW: Fight Forever constitui uma interpretação errada do que fez No Mercy, um jogo que é ainda hoje muito apreciado pelos fãs. O seu elenco de lutadores inexplicavelmente desfalcado, a ausência de modos de jogo essenciais, e o seu preço de venda elevado tornam este jogo difícil de recomendar, até aos fãs mais acérrimos.
4/10
Total Score

Pontos positivos

  • Jogabilidade nostálgica
  • Modo "Road To Elite" competente

Pontos negativos

  • Preço demasiado alto
  • Poucos modos de jogo
  • Ausência inexplicável de lutadores
  • Visualmente débil

Diogo Caeiro

Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.