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Pokémon Legends: Arceus – Análise

Depois de mais de duas décadas a usar a mesma fórmula a Game Freak mostra que uma mudança de ares numa série de sucesso pode fazer uma grande diferença. Pokémon Legends: Arceus representa um esforço para dar uma vida nova a Pokémon, trazendo uma mudança de paradigma em relação aos jogos anteriores.

Logo na sequência de abertura deparamo-nos com a luz de Arceus a falar com a nossa personagem (que podemos personalizar). Antes de nos ser dada a missão de encontrar todos os Pokémon é-nos dado um telefone especial para nos auxiliar. Depois de um clarão somos transportados para uma versão de Hoenn no passado, a região de Hisui. Nesta época os Pokémon ainda não vivem em simbiose com os humanos. Jubilife é uma pequena aldeia em construção graças à Galaxy Team, que veio a Hisui criar raízes. A nossa personagem é um forasteiro deslocado no tempo cujo objetivo é apenas apanhar todos os Pokémon. Juntamo-nos assim à Galaxy Team e partimos à aventura.

Jubilife Town vai ser o nosso ponto central onde podemos aceitar pedidos dos habitantes, comprar e vender objetos, mudar a composição do nosso grupo de Pokémon, entre outras funcionalidades. Jubilife desempenha assim a função de uma base importante antes de partirmos à caça. Pokémon Legends: Arceus é influenciado por muitas obras, a mais proeminente terá sido Breath of the Wild, com o seu mundo aberto e espírito de aventura e exploração. Pokémon Legends: Arceus mostra vontade de inovar na fórmula, e já temos visto parte desta vontade previamente em Sword & Shield com a inclusão da Wild Area.

No entanto, em contraste com os outros jogos da série e devido ao período em que o jogo se desenrola, encnotram-se muito menos treinadores e locais habitados nos espaços que percorremos. Fora os ocasionais acampamentos ou personagens com quem falar, a grande maioria das interações ocorre apenas com Pokémon ou com materiais para apanhar no mapa. Esta impressão de um mundo amplo mas esparso é reforçada pela falta de cuidado no ambiente visual, especialmente a distâncias médias e longas onde se encontra vegetação a aparecer do nada ou alterações visíveis à medida que andamos. Estas lacunas representam um contraste enorme em relação a jogos na mesma consola que também decorrem em mundos abertos bastante amplos, como Xenoblade Chronicles 2 ou mesmo os mapas mais contidos de Monster Hunter Rise. Isto para dizer que Pokémon Legends: Arceus sofre de um problema de falta de coordenação no que toca à direção artística dos ambientes, enquanto os modelos das personagens são apelativos, embora deixem um pouco a desejar na parte mais técnica das sombras e projeção dos olhos quando vistos de lado.

Nada disto implica que a jogabilidade não seja divertida. Longe disso, este é talvez o melhor capítulo que a Game Freak nos mostrou, graças a algumas melhorias no sistema de combate, formas de alterar as habilidades dos Pókemon quando quisermos, e a possibilidade de um Pokémon evoluir quando nos for preferível. O conceito do jogo foi muito bem implementado, o tema-base da série (apanhar Pokémon para construir o nosso Pokédex) é agora mais orgânico devido ao ênfase dado às capturas ou combates repetidos com certos Pokémon, e também ao observar certas habilidades ou evoluções. Ao submeter as nossas observações ao Professor Laventon e dependendo da nossa contribuição, é-nos atribuída uma pontuação que melhora o nosso Star Rating com a Galaxy Team. Isto permite-nos comandar Pokémon de níveis mais altos e obter fórmulas para criar itens novos. O único ponto a assinalar neste sistema é a repetição de muitos dos objetivos, talvez fosse benéfico para Pokémon Legends: Arceus adotar algumas das missões de observação de New Pokémon Snap, o que implicaria comportamentos mais complexos de cada criatura num mundo aberto, algo que poderia ser demasiado ambicioso para o atual sistema de personalidades e comportamentos mais simples para cada Pokémon.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
8 10 0 1
Pokémon Legends: Arceus é um passo claro numa boa direção para a série seguir. Simplifica muito dos sistemas arcaicos e implementa num sistema de mundo aberto o que já funcionava bem. Ao mesmo tempo, sofre por não ter tido mais tempo de preparação. É sem dúvida um jogo competente mas não sem coisas a melhorar. No entanto é uma boa base para o que pode vir a ser o futuro de Pokémon nas consolas Nintendo pós-3DS. As limitações técnicas do lado da equipa de desenvolvimento prejudicam o que poderia ser algo melhor, mas ainda assim a luz de Arceus mostra-nos o caminho para um futuro radioso.
Pokémon Legends: Arceus é um passo claro numa boa direção para a série seguir. Simplifica muito dos sistemas arcaicos e implementa num sistema de mundo aberto o que já funcionava bem. Ao mesmo tempo, sofre por não ter tido mais tempo de preparação. É sem dúvida um jogo competente mas não sem coisas a melhorar. No entanto é uma boa base para o que pode vir a ser o futuro de Pokémon nas consolas Nintendo pós-3DS. As limitações técnicas do lado da equipa de desenvolvimento prejudicam o que poderia ser algo melhor, mas ainda assim a luz de Arceus mostra-nos o caminho para um futuro radioso.
8/10
Total Score

Pontos positivos

  • Reinvenção da fórmula
  • Ciclo de jogo muito bem implementado
  • Exploração aliciante

Pontos negativos

  • Banda sonora mediana e reutilizada
  • Ambiente visual medíocre
  • Pouca variedade de conteúdo

André Reis

O chicote que mantém a máquina a funcionar. Entusiasta pela indústria e com um gosto variado, mas com um especial amor por JRPG, nunca deixa escapar uma boa promoção e por consequência tem uma coleção maior do que alguma vez poderá ter tempo para a terminar.