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Out of Line – Análise

Produzido pelo estúdio português Nerd Monkeys, Out of Line é um jogo de plataformas e quebra-cabeças que se estreou no PC e que chega agora às consolas, com direito a figurar no catálogo da Nintendo Switch. Vamos então assumir o papel do pequeno San, que luta pela sobrevivência percorrendo cenários e resolvendo quebra-cabeças. O enredo não assume uma posição destacada e deixa muita margem para a interpretação pessoal. Se um sentido de propósito mais forte seria bem-vindo, esta ausência não prejudica a experiência e permite uma imersão mais pessoal e holística do mundo aqui apresentado. Numa fase inicial do jogo adquirimos uma pequena lança que será o grande motor de resolução de quebra-cabeças. Se inicialmente a interpretamos como uma arma, rapidamente percebemos que representa o seu oposto, sendo a sua polivalência muito bem explorada através de uma postura pacifista em contraste com o clima de tensão envolvente. A lança permite não só a manipulação do meio em redor mas também o seu uso como recurso na progressão, levando o jogador a avançar em locais de outra forma inacessíveis.

Os elementos são introduzidos de forma gradual mas o fator novidade, ainda que não demasiado significativo, vai perdendo destaque. A longevidade é realmente reduzida e a dificuldade do jogo mantém-se num nível baixo. Comparativamente aos seus pares, o desafio é pouco exigente e acusa alguma falta de ousadia, no entanto consegue manter uma curva de aprendizagem com um crescimento exponencial e coerente até ao final do jogo, ainda que os jogadores mais versados não encontrem aqui uma experiência tão exigente como noutros jogos. O final desenrola-se de forma demasiado efémera e algo previsível, e falha um pouco em recompensar o jogador pela sua jornada.

A experiência de jogo é bastante beneficiada pela possibilidade de jogar em qualquer lado, o que permite moldar o tempo de jogo à disponibilidade do jogador. Algumas secções são desbloqueadas com recurso à colaboração com outras personagens não-jogáveis, elemento diferenciador e de implementação exímia, o que deixa no ar a ideia que o jogo ganharia imenso com capacidades multijogador cooperativo ou uma vertente em rede. Este elemento de colaboração é explorado de formas que vão para lá da jogabilidade, o que leva a um maior destaque dado ao enredo e a criar laços com as personagens num curto espaço de tempo.  A jogabilidade é simples e intuitiva e permite ao jogador focar toda a sua atenção nos desafios do jogo, nas suas mensagens subliminares, e na sua belíssima direção artística. Percorremos um mundo com uma mescla invulgar de misticismo e tecnologia futurista, com cenários e elementos gráficos perfeitamente equiparáveis a jogos de orçamento muito maior. O trabalho apresentado neste campo é notável e digno de registo. Todos os momentos são visualmente cativantes e os poucos elementos sonoros enaltecem a experiência de forma extraordinária.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
8 10 0 1
Out of Line pode não representar um marco no seu género, mas é uma proposta competente e cativante. A jogabilidade intuitiva e um nível de desafio bastante equilibrado fazem do jogo uma proposta ideal para jogadores menos versados, embora seja menos indicado a quem procura um nível de desafio mais elevado. A direção artística é nada menos que extraordinária, e o seu enredo aberto dá muito espaço ao jogador para viver este mundo na sua própria medida. Uma excelente estreia dos lusos Nerd Monkeys na plataforma, e que abre muitas expectativas para uma possível sequela.
Out of Line pode não representar um marco no seu género, mas é uma proposta competente e cativante. A jogabilidade intuitiva e um nível de desafio bastante equilibrado fazem do jogo uma proposta ideal para jogadores menos versados, embora seja menos indicado a quem procura um nível de desafio mais elevado. A direção artística é nada menos que extraordinária, e o seu enredo aberto dá muito espaço ao jogador para viver este mundo na sua própria medida. Uma excelente estreia dos lusos Nerd Monkeys na plataforma, e que abre muitas expectativas para uma possível sequela.
8/10
Total Score

Pontos positivos

  • Direção artística
  • Jogabilidade intuitiva
  • Componente de cooperação

Pontos negativos

  • Alguns elementos por explorar, sobretudo no final
  • Ausência de componentes multijogador

Sérgio Mota

Após passar grande parte da sua infância em Hyrule e no Mushroom Kingdom dedica-se agora a explorar o vasto universo digital que o rodeia. Embora seja entusiasta de novos títulos é possível encontrá-lo frequentemente a revisitar os clássicos.