Apparition – Análise
Os jogos com temas de terror estão em alta, desde pesos pesados AAA com gráficos de cortar a respiração até jogos “indie” com valores de produção mais modestos mas que fazem furor entre os utilizadores do Twitch, há alguma coisa estranhamente apelativa na sensação de ser assustado. Apparition é um jogo para Switch e PC criado pelo estúdio MrCiastku e junta elementos de vários jogos de terror que muito sucesso têm feito ao longo dos últimos anos. Assim que se inicia, por exemplo, é praticamente impossível não notar semelhanças com Slender. À medida que avançamos na jornada reparamos numas pitadas de Amnesia aqui, nuns toques de Fatal Frame acolá, e até se nota alguma inspiração num dos jogos mais populares da atualidade, Phasmophobia. Infelizmente e mesmo com todos estes alicerces, Apparition não consegue ser mais do que um simples “survival horror”.

Assim que se começa o jogo somos largados numa floresta assombrada, tendo apenas um único e simples objetivo: fotografar provas das entidades fantasmagóricas que por ali andam, sem sermos apanhados. Estas provas podem ser qualquer coisa, desde manchas de sangue a sacos de corpos, perguntas colocadas no tabuleiro Ouija, entre muitas outras coisas. Ao documentarmos tudo isto obtemos pontos que permitem comprar material melhor (câmaras de peito, tripés, etc), que por sua vez permite registar as ocorrências assustadoras com mais facilidade. A experiência de Apparition torna-se assim num círculo vicioso, o que não é exatamente um ponto a favor no que diz respeito à longevidade. A limitação do seu mundo à floresta e a falta de acesso a outros locais para explorar só exacerbam estas impressões e tornam a sensação de repetição ainda mais evidente.
Qual é então a finalidade do jogo? Bem, nada mais do que obter o maior número de pontos possível com as provas fotográficas captadas durante a jornada. É só. É sem dúvida anti-climático e teria sido mais interessante se o conceito tivesse sido alargado, com missões em maior quantidade e com mais variedade. Existe uma breve história, que é contada sempre que se inicia o jogo – muito resumidamente, o jogador interpreta um investigador de fenómenos paranormais que pretende descobrir o que aconteceu a uma série de turistas desaparecidos. Infelizmente o enredo é rapidamente posto de lado, o que torna o pequeno mundo do jogo ainda mais genérico e desprovido de qualquer personalidade. Pouco ou mesmo nada é revelado sobre o mundo de Apparition e seria bom pelo menos ter algumas respostas sobre os acontecimentos: quem são os fantasmas que perseguem o jogador, que pretendem, onde estão os turistas desaparecidos, o que se passa exatamente…

Infelizmente o ambiente visual nesta versão para a Nintendo Switch não ajuda a equilibrar o panorama. Todos sabemos que a consola da Nintendo é capaz de visuais esplendorosos e de deixar qualquer um boquiaberto, e é uma grande desilusão constatar que mesmo num mundo tão pequeno como o de Apparition os horizontes sejam tão curtos e o ambiente seja tão aborrecido. O mundo do jogo consiste numa floresta minúscula, num carro, numa fogueira, e em cerca de três cabanas de madeira. De qualquer das formas, tendo em conta de que se trata de uma obra de um estúdio e de recursos reduzidos, entende-se que os meios de produção ao dispor não foram os mais ambiciosos.
Quem ler esta análise pode então pensar que Apparation é um jogo afogado em aspetos negativos, o que não poderia estar mais longe da verdade. É impossível um jogador não sentir calafrios quando um monstro o persegue implacavelmente e o mais certo é passarmos uns bons minutos escondidos num dos cantos das cabanas, à espera que o dito monstro se vá embora. O ambiente sonoro é igualmente interessante: desde o silêncio pesado cortado apenas por passos na erva até à música ritmada quando um monstro nos persegue, tudo foi construído para nos deixar apreensivos ou em pânico, com um valente arrepio na espinha.
Quem aprecie jogos que inspirem medo vai certamente encontrar algo de apelativo em Apparition – sobretudo quem gostaria de ver mais jogos como este na Switch. Infelizmente não há como enganar: existem muitos outros títulos no mercado que fazem mais e melhor, e foi uma pena a MrCiastku não ter aproveitado o potencial inerente a um investigador de fenómenos paranormais para ter construído algo verdadeiramente único e inovador.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- As perseguições criam um ambiente aterrador
- Qualidade dos efeitos sonoros
Pontos negativos
- Mundo vazio e com poucos pormenores
- Experiência repetitiva
- Enredo quase inexistente

Chegou tarde ao mundo da Nintendo mas o problema agora é tirá-lo de lá. Ainda anda com a sua 3DS de um lado para o outro, e é provável que isso não deixe de acontecer até daqui a 50 anos.