Inmost – Análise
Existem inúmeros jogos “indie” que fazem de tudo para se destacar, seja através de uma jogabilidade única ou suficientemente bizarra para chamar a atenção, ou transmitindo algum tipo de mensagem relevante de forma subtil e minimalista. Inmost entra neste segundo exemplo e embora mereça elogios por tentar ilustrar um problema bastante real e importante para todos nós, infelizmente não o faz de uma maneira marcante e sofre de um número de problemas que o impedem de se destacar.

A mensagem principal de Inmost é provavelmente o seu aspeto mais importante, já que é em torno dela que tudo o que se encontra no jogo é feito para incidir sobre um problema que todos nós atravessamos. O enredo trata da dor de perder alguém importante e continuar a viver após parecer que tudo deixou de fazer sentido. O jogo exibe eventos verdadeiramente deprimentes que acontecem às personagens, bem como o estado emocional em que todas elas se encontram. Algumas destas cenas conseguem ser genuinamente arrepiantes e tristes graças à maneira como Inmost trata dos principais momentos da história, com um tacto e uma elegância notável. O ambiente visual e banda sonora realçam ainda mais a tristeza em que o mundo do jogo se encontra. O único problema que pode deixar alguns jogadores frustrados é que a forma como a história é contada consegue ser desnecessariamente obtusa, com coisas que fazem pouco sentido e outras que acontecem sem noção do tempo em que decorrem em relação ao resto dos acontecimentos.

Realmente não há mesmo nada a apontar de negativo em relação à apresentação do jogo, está mesmo muito bem conseguida e faz com que todos os momentos importantes da história sejam marcantes a um nível audiovisual. A transição de personagem para personagem, mais a maneira como a história avança dá um nível por vezes cinemático ao jogo e torna o mundo mais absorvente, o que considerando que o jogo é feito em 2D e que utiliza “sprites” mostra como a equipa conseguiu dar vida a esta história. A direção artística também é muito boa, graças aos pormenores que dão riqueza aos cenários e a momentos importantes da história, mais alguns toques lindíssimos nas cenas mais subtis do enredo para dar um sabor visual. A música em Inmost é igualmente magistral, se não for ainda melhor que o ambiente visual, com melodias verdadeiramente emotivas e arrepiantes consoante o momento.

Infelizmente é aqui que acabam os elogios. Os problemas com a jogabilidade são impossíveis de ignorar e transformam o que podia ser uma experiência incrível numa de frustração e aborrecimento, com alguns pontos altos no meio. Inmost tem três personagens à escolha, cada uma com o seu estilo: o do homem baseia-se em plataformas e resolução de “puzzles”; a rapariga é bem mais lenta e limitada, com algum foco na exploração; o cavaleiro vai eliminando inimigos e não muito mais. A experiência com o homem é de longe a melhor e mais fácil de se recorrer mas por si só, não é nada de extraordinária: os “puzzles” são bastante simplistas, os controlos algo estranhos e por vezes inconsistentes. A rapariga e o cavaleiro são mesmo para o jogador morrer de aborrecimento, sobretudo o cavaleiro: com esta personagem não é preciso fazer praticamente mais nada além de carregar no botão de ataque repetidamente, sem qualquer desafio por parte dos inimigos. Jogar com a rapariga requer alguma exploração para encontrar os caminhos certos, e resolver alguns “puzzles” simples à base de empurrar cadeiras e bancos, mas a lentidão destes segmentos mais os movimentos limitados da personagem só tornam tudo muito mais aborrecido em comparação com o homem. Jogar com qualquer uma destas duas personagens só ilustra como são piores em comparação com o homem. Este desequilíbrio na jogabilidade leva a que o jogador queira que estes segmentos acabem o mais rapidamente possível para voltar a jogar com o homem.
Mas uma coisa que é absolutamente inaceitável sobre Inmost é o desempenho. Normalmente jogos “indie” em 2D não têm qualquer tipo de problema de desepenho numa resolução de 1080p e a sessenta fotogramas por segundo, sendo jogos pouco exigentes para a consola. Por algum motivo, este jogo porta-se pessimamente na Nintendo Switch, com imensos soluços estranhos e quebras de fluidez que tornam a experiência desagradável. Isto é especialmente difícil quando o jogo requer que se façam saltos com precisão. Não se compreende, a Nintendo Switch é mais que capaz de correr este jogo sem quaisquer problemas de resolução e fluidez. Esta inconsistência de performance só prejudica o que é uma bela apresentação visual.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Mensagem forte e emotiva
- Apresentação muito bem realizada
- Banda sonora complementa o jogo lindamente
Pontos negativos
- Jogabilidade de duas personagens aborrecida
- Controlo estranho e pouco fluido
- Desempenho inaceitável
- Desenvolvimento narrativo frustrante

Eu sou um amante de videojogos, que adora falar sobre o que faz um videojogo bom ou mau. Mas acima de tudo adoro entreter pessoas e fazê-las rir, por isso decidi dedicar-me a criar um canal onde posso por em prática duas das coisas que mais amo fazer.