Dollmare – Análise
Dollmare é um daqueles jogoos que chama a atenção mais pela estranheza do que pelo seu aparato técnico. Lançado já depois do Halloween, esta é uma proposta que junta terror psicológico à exploração em pequenos espaços, tudo embalado num ambiente claustrofóbico onde bonecas, sombras e ruídos ambíguos marcam o ritmo. O jogo chega à Nintendo Switch numa versão competente, mas com limitações evidentes.

O ambiente é o grande trunfo de Dollmare. O jogo aposta num terror mais sugestivo do que explícito, com cenários reduzidos, corredores apertados e espaços que parecem sempre demasiado silenciosos. Há um desconforto constante, reforçado pela sensação de que pode aparecer algo a qualquer momento, mesmo quando não acontece nada. O enredo é minimalista, apresentado através de pequenos fragmentos e descrições vagas, e acaba por funcionar melhor quando deixamos espaço para a imaginação preencher o que o jogo não mostra. Ainda assim, quem preferir histórias explicadas de forma mais extensa pode achar que Dollmare exagera na ambiguidade.
A jogabilidade é simples, por vezes até demasiado. O foco está na exploração, recolha de itens e resolução de pequenos enigmas. São “puzzles” acessíveis, que raramente deixam o jogador pendurado por muito tempo, e também não apresentam grande criatividade. A movimentação é lenta e algo rígida, o que contribui para a tensão mas torna certas secções mais frustrantes do que deveriam. As perseguições, embora poucas, funcionam melhor como susto inicial do que como desafio mecânico, já que o controlo não é particularmente favorável ao jogador nesses momentos.
No que às componentes técnica e artística diz respeito, esta versão cumpre sem impressionar. Os modelos das bonecas e os efeitos de luz fazem o suficiente para compor o ambiente, mas notam-se quedas de resolução, texturas fracas e alguns soluços ocasionais na fluidez, principalmente em zonas mais abertas ou de transição. Nada que torne o jogo injogável, mas são pormenores que quebram um pouco a imersão num jogo que depende tanto do ambiente. O som, por sua vez, serve bem o propósito: ruídos distantes, passos que fazem eco, e música quase inexistente, deixando o desconforto fazer o seu trabalho.
Dollmare é curto, o que pode ser visto como vantagem ou desvantagem. É uma experiência que se faz praticamente numa sessão, ideal para quem procura um pequeno susto sem grandes compromissos. Ao mesmo tempo, quem pagar pelo jogo à espera de uma experiência de terror mais profunda ou com vários níveis de profundidade pode achar que acaba antes do que deveria.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Ambiente tenso e bem construído
- Estética simples mas eficaz
Pontos negativos
- Controlo lento e rígido
- Falta de variedade nas mecânicas
- Desempenho irregular

Calorias, nutrientes e Nintendo. Três palavras que definem o maior fã de F-Zero cá do sítio. Adepto de hábitos alimentares saudáveis, quando não anda atrás de uma balança, costuma estar ocupado com as notícias mais prementes e as análises mais exigentes.

