Strange Antiquities – Análise
À partida e num olhar mais simples, Strange Antiquities pode parecer mais um jogo onde gerimos um estabelecimento e lidamos com clientes exigentes. Quem conheça Strange Horticulture, outra obra do estúdio holandês Bad Viking igualmente disponível na Nintendo Switch, adivinha rapidamente que não se trata disso. Strange Antiquities é um jogo de resolução de “puzzles” e mistérios baseados em objetos relacionados com o oculto, e que nos vai fazer dar corda ao cérebro para desvendar uma série de enigmas envoltos num ambiente de terror subtil.

Strange Antiquities tem um ponto de partida simples: o dono de uma loja de antiguidades, ou para usar a sua descrição, um taumaturgo, ausenta-se durante alguns dias da cidade de Undermere e deixa o seu aprendiz a tomar conta do estabelecimento. Enquanto o patrão está fora, temos de atender os pedidos dos clientes, mas como já aqui dissemos, este não é um desses jogos. Os clientes têm os seus problemas e pedem-nos artigos relacionados com o oculto para os resolver. Com base nas suas descrições vamos ter de encontrar o artigo correto: pode tratar-se de uma estatueta de animal capaz de aliviar o stress, um colar com uma pedra preciosa vermelha capaz de aquecer quem sofra de calafrios, um amuleto para ajudar a pessoa a ouvir melhor… Em alguns casos, o cliente pode aceitar artigos diferentes, que por sua vez vão influenciar o desenrolar do jogo de formas distintas – uma cliente em particular até vai raptar o gato da loja se não lhe vendermos um determinado artigo. Estas escolhas influenciam também os finais do jogo, com um número total de nove finais diferentes e muitos deles começam a ganhar forma muito antes de nos apercebermos, o que é um motivante para lhe pegarmos uma e outra vez após terminado.

Alguns artigos encontram-se disponíveis nas prateleiras da loja enquanto outros têm de ser encontrados com base em pistas que nos são deixadas a cada dia que passa, entre um número total de dezoito dias. Isto leva-nos à outra parte da experiência de Strange Antiquities: além de atender os clientes, vamos também ter de fazer de detetives e visitar locais com base naquelas pistas, algumas mais vagas do que outras, para encontrarmos os artigos em causa. A cada dia que passa, os pedidos tornam-se mais complexos, e em alguns momentos são verdadeiros casos bicudos que exigem a que prestemos atenção a cada palavra. À medida que avançamos, os nossos materiais de apoio crescem, o que nos permite saber mais sobre os artigos e sobre o que procuramos, embora a informação não se encontre muito bem organizada e acabamos por demorar à procura das pistas corretas nos vários manuscritos e descrições que temos na loja.

Não existe limite de tempo, pelo que podemos demorar o que for preciso à procura da pista e artigo certo, mas isto não significa que não somos punidos. Se entregarmos um artigo errado ao cliente ou se nos deslocarmos a um local onde não se encontra nada, a nossa personagem começa a sofrer com o medo. Se o indicador de medo atingir o máximo, entramos num minijogo de dados onde se ao fim de uma série de tentativas não conseguirmos o resultado correto, somos levados de volta para o início do dia. É uma punição, mas acaba por ser bastante clemente – Strange Antiquities não é um jogo enorme, e com alguma dedicação, pode ser terminado ao longo de um dia, embora seja normal depararmo-nos com alguns momentos de confusão e sentir que não fazemos ideia do que estamos à procura.
A interação decorre em dois ambientes distintos: atrás do balcão da loja, onde atendemos os clientes e procuramos o artigo certo; e nos mapas que obtemos ao longo do jogo, onde selecionamos os pontos específicos a visitar com base nas pistas que recebemos. Do ponto de vista visual, encaixa muito bem num jogo de investigação e resolução de mistérios. Os controlos seguem as convenções de uma aventura “point and click”, o que acaba por prejudicar um pouco a experiência nas consolas da Nintendo, já que esta obra funciona muito melhor com um rato – infelizmente o jogo não pode ser jogado com a funcionalidade do rato na Nintendo Switch 2, mas seria muito bem-vindo se esta falha fosse corrigida. Do ponto de vista do seu desempenho, na nova consola da Nintendo é possível jogar a uma resolução mais elevada, enquanto a banda sonora e efeitos são simples mas capazes de criar um ambiente envolvente e ao mesmo tempo, um pouco perturbador. Neste aspeto, os efeitos sonoros relacionados com o estado do tempo e o ronronar do gato da loja sempre que lhe fazemos festas merecem uma menção positiva. É também possível jogar com o texto traduzido numa série de línguas, incluindo português do Brasil.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Ambiente muito envolvente
- Experiência motivante
- Direção artística e ambiente sonoro
Pontos negativos
- Algumas informações são dispersas e vagas
- Sem controlo de rato na Switch 2

Apreciador de jogos de outras épocas, não diz que não a uma boa obra dos nossos tempos. Diz-se que é por ele que passam os textos antes da publicação, o que significa que é uma espécie de boss final da escrita para os outros membros da equipa.