Story of Seasons: Grand Bazaar Nintendo Switch 2 Edition – Análise
Quando falamos de jogos onde cultivamos a nossa quinta e vendemos os nossos produtos enquanto encetamos relações amigáveis com os vizinhos, há dois nomes que nos vêm à memória antes de pensarmos noutros: a série Harvest Moon, e Stardew Valley. Este Story of Seasons: Grand Bazaar faz parte da série Harvest Moon, pioneira nas chamadas “farming sims”, e que entretanto recebeu o novo nome de Story of Seasons, e é nada menos que um “remake” de Harvest Moon DS: Grand Bazaar, jogo que chegou à Europa em 2011 depois de se ter estreado no mercado japonês em 2008.

Como se sai este Grand Bazaar na sua versão para a Nintendo Switch 2? Nada mal, para quem procura um jogo sem demasiado stress, mas nem por isso livre de uma jogabilidade interessante. Vamos desempenhar o papel de um jovem agricultor (nome, género e aparência à nossa escolha) que acaba de se estabelecer numa quinta nos arredores de uma simpática cidadezinha conhecida como Zephyr Town, onde são precisos novos rostos para impulsionar o bazar local. O presidente da câmara, que nos dá as boas-vindas e uma série de orientações e ajudas sob a forma de tutoriais, explica-nos que o bazar de Zephyr Town perdeu movimento, e hoje não passa de um pequeno mercado de aldeia. Com os nossos esforços e habilidades para a agricultura e vendas, vamos dar um novo impulso ao bazar e conseguir o reconhecimento que ele merece. Pelos menos são essas as expectativas que o jogo nos coloca, e o presidente da câmara – indivíduo algo excêntrico, bastante expressivo, e um pouco obcecado com a sua imagem – não nos deixa esquecer nas muitas interações que vamos ter com ele.
É então assim que entramos na mecânica deste Story of Seasons – Grand Bazaar. O jogo apresenta-nos o bazar como o ponto nevrálgico da experiência, onde uma vez por semana, em tempo de jogo, claro, vamos abrir a nossa banca e vender os nossos produtos. Com o crescimento que trazemos ao bazar (existem objetivos concretos a atingir, definidos por uma comissão – sim, até aqui há burocratas), a nossa reputação melhora, somos recompensados com mais espaço para vendas, o bazar atrai mais visitantes e novos vendedores, desbloqueamos acessos a novos espaços, etc. Com os novos vendedores podemos também comprar novos artigos que nos permitem alargar as operações da nossa quinta e produzir assim mais coisas. Por outras palavras, crescimento atrai crescimento. A mecânica de vendas é extremamente simples. Colocamo-nos na nossa banca onde expomos os nossos produtos e quando as pessoas passam, tocamos uma sineta. As pessoas interessadas aproximam-se, compram o artigo, e vão-se embora. Claro que há um pouco de nuance – devemos prestar atenção aos artigos mais populares e temos de ter em conta o espaço no nosso saco, que pode não ser suficiente para tudo o que as pessoas querem, mas é algo muito simples. Termos os produtos mais populares vai exigir algum trabalho, e é isto que visamos durante a semana: plantamos legumes na quinta e certificamo-nos que têm água e fertilizante suficientes, confecionamos pratos e bebidas, forjamos produtos, tratamos dos nossos animais de quinta e dos produtos que eles dão, metemos conversa com as pessoas possível, e ajudamos quem precisar com tarefas como encontrar as galinhas fugitivas de uma das residentes ou contribuir para que outro habitante possa abrir a sua banca de pedras preciosas. Quantas mais pessoas ajudarmos, mais vendedores vamos trazer ao bazar. Também há um minijogo de pesca, mas é um dos elementos menos inspirados em Grand Bazaar – repetitivo e pouco motivante, felizmente é algo a que temos de recorrer poucas vezes.

Uma característica comum neste género de jogos é a falta de obrigações rígidas e uma certa flexibilidade na abordagem das tarefas. Podemos dar prioridade a vender no bazar e passar o tempo quase todo na nossa quinta a cultivar e recolher legumes e a produzir objetos ou alimentos mais complexos nos moinhos para podermos ter artigos mais caros que nos rendam mais dinheiro. Também podemos cultivar relações pessoais com as pessoas, o que traz recompensas à medida que o jogo avança. Cada residente com que interagimos tem um perfil onde nos são indicados o seu aniversário e as coisas de que mais e menos gosta. Para melhorar a nossa relação, além de conversar com as outras personagens todos os dias, devemos também oferecer-lhes presentes frequentemente. Tal como noutros jogos da série Harvest Moon/Story of Seasons, esta dedicação pode levar ao casamento. E sim, também podemos entrar de qualquer maneira nas casas das pessoas, falar com elas, e até meter o nariz nas suas estantes onde encontramos receitas importantes.
Tudo isto é fácil de elencar, mas funciona bem? Felizmente, a resposta é afirmativa. Grand Bazaar encontra-se estruturado de forma suficientemente livre para nos mantermos motivados sem nos colocar demasiada pressão em cima, ainda que os diálogos de algumas personagens – sobretudo o já mencionado presidente da câmara – tratem a nossa personagem como se fosse o suprassumo da agricultura. O mundo do jogo é relativamente pequeno, mesmo quando acedemos a novos locais, e não é difícil perceber o que vamos fazer a seguir, ainda que alguns diálogos sejam demasiado prolongados. Tudo o que é importante encontra-se devidamente explicado nos menus, desde as características dos produtos aos favores que fazemos às outras personagens. A maior crítica a fazer será mesmo a forma como de início, é apresentada demasiada informação e que demora um pouco para nos habituarmos.
O jogo porta-se muito bem na Nintendo Switch 2, onde a sua direção artística e ambiente visual típico deste género de jogos, com cores vivas e arquitetura acolhedora, tratam de dar o tom para o meio onde o jogo decorre. A fluidez é assinalável, e não se notam problemas de desempenho na nova consola. A banda sonora é algo genérica, mas marca as casas necessárias, incluindo uma mudança de tema entre dia e noite e entre as estações do ano. Tal como na série Harvest Moon, aqui o ano também se encontra dividido nas quatro estações, e o mundo muda de aparência conforme a época. Talvez uma das maiores queixas esteja relacionada com as vocalizações. Os diálogos são muitíssimos – ou devemos dizer monólogos, já que o nosso protagonista não tem textos atribuídos? – mas as vocalizações surgem maioritariamente nas sequências cinemáticas, onde ouvimos o que cada personagem tem a dizer, e as vozes são algo desinspiradas, embora se deva dizer que isto também é culpa dos textos, eles próprios um pouco fatigantes. Já no que diz respeito aos controlos, a forma convencional acaba por ser bastante melhor do que usar os Joy-Con 2 como um rato, algo que facilmente esquecemos.
Dito isto, Story of Seasons: Grand Bazaar é um jogo divertido e que atinge um bom equilíbrio entre os nossos objetivos e uma jogabilidade descontraída. Se de início as tarefas podem parecer demasiadas e a informação um pouco confusa, sobretudo na sucessão de conversas que temos com personagens novas, acabamos por entrar no esquema e se nos quisermos dedicar de alma e coração é relativamente simples desenvolver uma rotina onde tratamos da nossa quinta, cultivamos relações pessoais, e vendemos no bazar. Claro que se não quisermos, podemos apenas dedicar-nos a um destes aspetos. Seja como for, Grand Bazaar é um jogo envolvente, com mecânicas de jogabilidade simples e que nos mantêm interessados, e isso é sempre fundamental neste tipo de jogos.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Jogabilidade bem estruturada
- Desempenho visual muito bem conseguido na Switch 2
- Bastante conteúdo para explorar e conhecer
Pontos negativos
- Um pouco confuso de início para os recém-chegados
- Textos e diálogos algo exagerados

Apreciador de jogos de outras épocas, não diz que não a uma boa obra dos nossos tempos. Diz-se que é por ele que passam os textos antes da publicação, o que significa que é uma espécie de boss final da escrita para os outros membros da equipa.