Lost in Random: The Eternal Die – Análise
Três anos após o original Lost in Random surge The Eternal Die, um “spin-off” que leva o excêntrico mundo conhecido como Random na direção de uma aventura “roguelike” de ação. Desta vez assumimos o papel da Rainha Aleksandra, a vilã do original, num jogo que promete manter o charme sombrio do primeiro título enquanto nos agarra ao ciclo viciante do “só mais uma vez”.

A Rainha Aleksandra está presa no Dado Negro – o artefacto maligno do primeiro jogo – e terá de lutar para fugir de um reino caótico governado por uma entidade conhecida como Mare. Acompanhada do dado vivo Fortune, Aleksandra vai enfrentar perigos bizarros em busca de redenção. O enredo mantém o tom de fábula gótica com humor negro e criaturas estranhas características do universo de Lost in Random. Assumir a pele da antiga vilã é uma mudança bem-vinda que humaniza a protagonista, embora o enredo sirva mais como um pano de fundo para a ação. Os fãs vão reconhecer referências e personagens familiares, mas quem não jogou o original poderá achar o enredo confuso pela falta de contexto.

A grande mudança deste “spin-off” está na jogabilidade “roguelike” de ritmo acelerado. Cada sessão atravessa quatro cenários gerados aleatoriamente, com combates intensos ao estilo de Hades. Aleksandra dispõe de quatro armas distintas, cada uma com um estilo próprio. O elemento diferenciador é a sorte: podemos lançar o dado Fortune em pleno combate para causar danos no espaço onde nos encontramos e o efeito depende do número que sair. Esta mecânica traz um risco-recompensa: um bom lançamento pode dizimar inimigos, embora nos deixe brevemente vulneráveis. Além do arsenal, há também cartas mágicas e relíquias que garantem habilidades especiais e bónus passivos, permitindo estratégias variadas em cada vez que jogamos. Mesmo a derrota traz avanços ao jogador: ao morrer, ganhamos recursos para investir em melhorias permanentes (vida, armas melhoradas, novas vantagens, etc.). Isso transmite uma sensação de evolução e incentiva o jogador a tentar uma e outra vez. Com tão poucas áreas e variedade limitada, a ação acaba por se repetir e o jogo não traz grandes novidades ao género. Porém, a base da jogabilidade é competente e viciante.
Lost in Random: The Eternal Die mantém a estética encantadora de “conto de fadas macabro” do original. Cenários retorcidos, personagens peculiares dignas de Tim Burton e uma paleta gótico-fantástica conferem ao jogo uma identidade visual única. Cada nível tem um ambiente distinto e criativo, desde aldeias sombrias com peças de tabuleiro gigantes a castelos decrépitos repletos de pormenores curiosos. A direção artística coesa reforça a personalidade ímpar deste universo, tornando cada sessão um deleite visual. Na Nintendo Switch o jogo corre a cerca de 30 fps, com algumas quebras pontuais nas cenas mais caóticas, mas nada que nos impeça de jogar no ecrã da consola. A componente sonora acompanha com eficácia o tom peculiar do jogo. A banda sonora mistura temas soturnos e melodias enérgicas que ambientam bem tanto o enquadramento misterioso da exploração como os combates frenéticos. Os efeitos sonoros dão peso às ações, e os golpes, explosões e o tilintar do dado encaixam muito bem no desenrolar do jogo. Destaque também para a dobragem, que dá voz às personagens excêntricas e realça o humor negro nos diálogos.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Direção artística excecional
- Humor negro bem apurado
- Combate frenético e mecânicas eficazes
Pontos negativos
- Enredo superficial e pouco amigável para novos jogadores
- Conteúdo limitado
- Fórmula "roguelike" sem novidades

Calorias, nutrientes e Nintendo. Três palavras que definem o maior fã de F-Zero cá do sítio. Adepto de hábitos alimentares saudáveis, quando não anda atrás de uma balança, costuma estar ocupado com as notícias mais prementes e as análises mais exigentes.