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The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom – Análise

A série The Legend of Zelda não precisa de apresentações. Breath of the Wild, o capítulo que inaugurou a Nintendo Switch, optou por deixar para trás uma abordagem mais linear e trouxe uma forma completamente livre de seguir a aventura, retomando o espírito do capítulo inaugural da série no Nintendo Entertainment System, mas explorando todas as regalias que os videojogos contemporâneos nos oferecem e com um nível de liberdade nunca antes visto na série Zelda. Depois de Breath of the Wild ter sido amplamente aclamado pela crítica como nada menos do que um dos melhores videojogos de sempre, a sequela não poderia ter criado mais expectativas. Se o óbvio seria esperar uma abordagem mais conservadora que mantivesse as fundações do jogo anterior e investisse num enredo diferente, a Nintendo surpreendeu com uma mudança profunda no estilo, um enredo forte, e uma expansão significativa do mundo de jogo, adicionando-lhe uma profundidade surpreendente ao já extenso mapa de Hyrule. Após mais de 200 horas de jogo e de explorarmos tudo o que ele tem para oferecer, podemos afirmar sem qualquer sombre de dúvida que Tears of the Kingdom é um dos melhores videojogos de sempre.

A introdução marca desde logo uma mudança de tom em relação a Breath of the Wild numa direção mais negra e perturbante, e com uma narrativa mais forte que apresenta a razão de Link não se encontrar na plenitude dos seus poderes numa sequela direta, e que nos dá a motivação para explorar o mundo de Hyrule e recuperar as nossas capacidades. A cadência do jogo é perfeitamente ritmada, abrindo o mundo e o vastíssimo leque de opções de forma gradual e equilibrada, o que permite uma boa ambientação tanto a quem conhece Breath of the Wild como para quem ousa jogar Tears of the Kingdom sem experiência prévia. O jogo mantém a liberdade de exploração que pautou o anterior, mas traz-lhe várias camadas de possibilidades adicionais. Raramente sentimos que estamos a fazer as coisas da maneira que os criadores pensaram ser a mais óbvia. As possibilidades são inúmeras e praticamente tudo o que achamos que pode funcionar vai mesmo funcionar, fruto de uma implementação brilhante das mecânicas de jogo.

O enredo consiste num desenvolvimento extraordinário da campanha principal e na exploração de locais onde desbloqueamos recordações e imagens do passado, permitindo que o jogador de forma gradual consiga perceber o enredo cada vez mais como um todo. Esta vertente é extremamente difícil, pois cada fragmento do enredo pode ser adquirido de forma individual e sem qualquer ordem, isto significa que todos eles devem fazer sentido por si só, sem prejudicar a experiência de cada descoberta. A Nintendo respondeu de forma esplêndida a este desafio e apresenta aqui um enredo interessante, bem estruturado, rico e com uma excelente banda sonora e trabalho de narração. A direção artística é magistral. Desde a banda sonora ao estilo visual, Hyrule aparece-nos como um mundo riquíssimo, cheio de segredos, recantos e paisagens lindíssimas por explorar. Os sons da natureza marcam presença de forma perfeitamente harmoniosa, enquanto a música nunca retira o protagonismo à aventura e acompanha-a de forma suave, marcando o seu ritmo.

A jogabilidade mantém-se simples e intuitiva, mas o número de possibilidades aumentou de forma significativa. A tecnologia do povo Zonai, um povo ancestral que habitou originalmente o reino de Hyrule, permite a Link realizar construções com aplicações e consequências imediatas na exploração e combate. Estas vão desde a impulsão vertical, que permite a Link atravessar a plataforma que se encontra por cima (habilidade muito útil na exploração e que facilita algumas escaladas), à “Ultrahand” que permite juntar vários elementos e possibilita realizar construções como veículos e pequenos pontões. Através da comunidade é possível compreender todo o potencial deste recurso, com as suas construções muitíssimo criativas que tornam o jogo único. A forma como exploramos Hyrule também sai alterada, adicionando veículos extraordinários ao nosso leal cavalo. A fusão de objetos também estimula a criatividade, permitindo combinar dois elementos para tornar as armas mais resistentes ou aumentar o seu alcance, e até adicionar-lhes características especiais, como gelo ou fogo. O mesmo se aplica aos escudos que, através de certas combinações, permitem realizar ataques ofensivos enquanto nos protegemos.

A extensão colossal do mapa e a dimensão do enredo garantem uma longevidade muitíssimo saudável, mesmo para quem procura uma abordagem mais direta e passa ao lado das missões secundárias. Algumas destas tornam-se algo repetitivas ou pouco variadas, o que é menos motivante para as terminar. Ao longo de Hyrule encontramos dezenas de santuários que nos permitem recuperar a nossa capacidade vital e resistência perdidas mediante desafios curtos e bastante flexíveis que podem ser resolvidos de várias formas. Os templos são recuperados dos jogos Zelda anteriores, mas encontram-se bem camuflados no enredo principal. Apesar de consistirem todos no mesmo conceito de exploração para vencermos o “boss” no seu final, todos apresentam dinâmicas distintas e representam uma mudança bem-vinda no estilo de jogo, onde se destaca uma pequena incursão no género “Tower Defence” que foi muito bem implementada.

Se a aventura de Link é predominantemente solitária, vamos receber mais apoio das personagens secundárias na exploração dos templos e no mundo exterior. É uma mudança bem-vinda e traz bastante à fórmula de jogo. Os novos espaços de Hyrule consistem em ilhas flutuantes nos céus, algo que faz lembrar Skyward Sword, e no acesso às profundezas, envoltas na escuridão. A sua implementação no mapa principal foi muito bem conseguida e permite estender a dimensão do mundo de jogo até três vezes sem sofrer perdas de identidade.

Do ponto de vista da execução, estamos perante um jogo muitíssimo competente que exibe melhorias visuais significativas e um desempenho bastante equilibrado em comparação com o antecessor. É fácil esquecer que Breath of the Wild também foi feito para a Nintendo Wii U, enquanto Tears of the Kingdom aproveita a maior capacidade da Nintendo Switch e explora as suas possibilidades até ao limite. Apesar disso e em momentos de maior intensidade, é possível notar-se alguma perda de fluidez, sem que comprometa de maneira nenhuma a jogabilidade e a experiência.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
10 10 0 1
The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é uma obra-prima dos videojogos, e combina um enredo envolvente, uma direção artística magistral, uma jogabilidade muitíssimo motivante, e uma sensação única de liberdade. É uma experiência que será recordada como um dos melhores jogos de sempre, e um exemplo do que os videojogos podem alcançar quando se aliam criatividade e inovação.
The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é uma obra-prima dos videojogos, e combina um enredo envolvente, uma direção artística magistral, uma jogabilidade muitíssimo motivante, e uma sensação única de liberdade. É uma experiência que será recordada como um dos melhores jogos de sempre, e um exemplo do que os videojogos podem alcançar quando se aliam criatividade e inovação.
10/10
Total Score

Pontos positivos

  • Jogabilidade criativa
  • Liberdade de exploração
  • Enredo envolvente
  • Direção artística magistral
  • Longevidade

Pontos negativos

  • Algumas perdas de fluidez
  • Missões secundárias redundantes

Sérgio Mota

Após passar grande parte da sua infância em Hyrule e no Mushroom Kingdom dedica-se agora a explorar o vasto universo digital que o rodeia. Embora seja entusiasta de novos títulos é possível encontrá-lo frequentemente a revisitar os clássicos.

1 Comentário
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Nexus
Nexus
25 de Julho, 2023 17:00

Excelente análise, concordo com tudo dito, o jogo é realmente incrível, trabalho primoroso da Nintendo e da Monolith Soft também, que ajudou no desenvolvimento do jogo!! E por falar em Monolith Soft, Xenoblade 3 Future Redeemed é outra obra prima lançada esse ano, vocês farão análise?

Editado a 9 meses atrás by Nexus