Unheard – Voices of Crime Edition – Análise
Unheard – Voices of Crime Edition é uma abordagem peculiar aos jogos de aventuras e “puzzles” que coloca o jogador no papel de um detetive que tem de solucionar uma série de casos onde a única informação ao dispor é a voz dos intervenientes. A aventura inicia-se de forma sinistra, numa sala de interrogatórios onde uma personagem sem rosto começa por explicar o propósito da nossa presença. Ao abrigo de uma experiência que envolve uma tecnologia nova, são-nos apresentados casos de crimes de uma natureza diversa, passados e futuros, sobre os quais é necessário responder a determinadas questões até que cheguemos à verdade.
Cada caso é apresentado através de uma interface reminiscente de um leitor de vídeo, com uma planta azul e branca do local do crime. É neste esquema que o vídeo se desenrola e é possível não só observar os movimentos e posicionamento da cada interveniente, como também escutar todos os sons e vozes de cada um. O jogador pode movimentar-se livremente mas para ouvir cada interveniente é preciso estar perto dele. O desafio passa assim por ligar cada voz a cada suspeito, e compreender as ações de cada um naquele contexto. Naturalmente, o mesmo suspeito interage com outros suspeitos de forma diferentes e apresenta comportamentos distintos mediante a situação. Fazer a ligação entre cada suspeito e a sua voz é a única forma que o jogador tem de compreender exatamente o que aconteceu e de que forma aconteceu, uma vez que não existe mais nenhum elemento para analisar.
Contrariamente a outras ofertas do género, o papel do jogador em Unheard é passivo e nunca intervimos diretamente na ação de forma alguma. Não existem “puzzles” complexos, sequências de exploração muito desenvolvidas ou mesmo diálogos longos. A única tarefa é ouvir com atenção e empregar um pouco de lógica para preencher os espaços em branco que surgem no processo. Não é um jogo complicado, mas oferece uma experiência única e imersiva, possibilitada exatamente por não extrapolar o seu conceito-base para além do que considera necessário.
A sua componente sonora é de excelência, não só no ambiente que cria, como também nas prestações vocais de cada suspeito. A interface é limpa e intuitiva, e pode ser jogada na íntegra através do ecrã tátil. Comparativamente à versão original para PC, esta versão para Nintendo Switch não inclui a capacidade de tirar notas e associá-las a uma marca de tempo específica do vídeo, algo que se compreende mas que nos dececiona. Visualmente o jogo cumpre com o que se propõe, mas dada a natureza confusa da palete de cores utilizada, teria sido bem-vinda alguma forma de poder identificar cada suspeito para além do seu nome com cores diferentes.
Mesmo com um conceito único, é inegável que Unheard poderia ter sido melhor desenvolvido. A tentativa de integração de um enredo abrangente fora do âmbito de cada caso também não foi um sucesso dada a sua simplicidade e a forma como é introduzida. O jogo apresenta uma quantidade de conteúdo razoável e com um preço chamativo, mas tendo em conta as capacidades de cada um pode acabar por saber a pouco. Mesmo assim, é uma lufada de ar fresco num género que começa a dar sinais de desgaste no que toca à criatividade.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Conceito único
- Componente sonora muitíssimo boa
- Preço baixo
Pontos negativos
- Enredo mal implementado
- Ambiente visual pouco desenvolvido
- Curto
Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.