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Fire Emblem Warriors: Three Hopes – Análise

Seguindo a matriz de Age of Calamity, Fire Emblem Warriors: Three Hopes apresenta-se de forma distinta de Three Houses, alterando a estrutura do enredo e a experiência de jogo. O combate por turnos é descartado em prol da ação frenética preconizada pela série Dynasty Warriors e não se tratando de uma mistura homogénea, existe muito por onde gostar para os fãs de ambas as séries. Os paralelismos com o enredo de Three Houses são muito evidentes desde o início do jogo. Enquanto no anterior o jogador encarna um mercenário chamado Byleth, em Three Hopes a personagem principal é um mercenário chamado Shez (que pode ser do género feminino ou masculino). De forma igualmente semelhante ao original, Shez tem um encontro fortuito com os três líderes das casas de Three Houses que muda drasticamente o seu percurso e o destino da região de Fodlan.

Depois de terminados os primeiros capítulos, constituídos por algumas missões genéricas acompanhadas de personagens de cada casa, vamos ter de escolher qual das casas vamos representar durante o resto do jogo, sendo que cada uma apresenta o seu próprio enredo que se liga às outras duas casas em vários momentos de cada história consoante as ações do momento. Em alguns capítulos e consoante as escolhas feitas em determinadas missões é ainda possível encontrar desfechos diferentes para os percursos de cada casa, sendo neste aspeto uma experiência menos linear do que escolher um de três percursos e percorrê-lo até ao fim. É importante frisar que embora Three Hopes se apresente como uma oferta paralela aos acontecimentos de Three Houses, é preferível interpretá-lo como uma extensão deste e menos como uma alternativa independente. Afinal é necessário conhecimento prévio dos acontecimentos de Three Houses para que alguns pontos da história façam sentido, bem como da história que precede cada personagem. Existe também muita informação sobre cada fação e da região de Fodlan que providencia um contexto adicional a certas situações, acabando por contribuir para um maior entendimento do enredo aqui presente.

Cada capítulo é estruturalmente diferente de Three Houses, com o jogador a ser colocado numa pequena parte do mapa de Fodlan onde decorre o conflito associado à parte da história em que nos encontramos. Existe uma missão principal em cada capítulo e para que esta possa ser jogada é habitualmente necessário concluir algumas missões secundárias antes que esta esteja disponível. Ao concluir estas missões secundárias são desbloqueadas também espaços adjacentes com vários tipos de recompensas que nos ajudam em combate, constituindo um incentivo para concluir por completo todas as missões, mesmo que não seja necessário à progressão da história. As missões não são muito variáveis, sendo que quase todas têm como objetivo vencer um inimigo específico ou atingir um ponto do mapa. As missões principais são compostas por objetivos diferentes na forma de etapas, e estas culminam num confronto com uma personagem de uma fação, normalmente uma cara conhecida para quem tenha jogado Three Houses. Não existe grande diferenciação entre as missões no que toca à estrutura dos seus mapas, a maioria é reciclada entre cada capítulo e com uma apresentação algo genérica.

É na jogabilidade que se encontra alguma variedade, uma vez que cada classe representa um estilo de jogo diferente com as suas vantagens e desvantagens. Isto é um aspeto importante na forma como planeamos as missões de acordo com o tipo de unidades que serão mais vantajosas, e também como as próprias unidades se controlam e quais os seus propósitos. Enquanto a classe Shura (exclusiva de Shez) é especialista em movimentos rápidos e cominações aéreas, um espadachim concentra-se na capacidade de atingir dezenas de inimigos em simultâneo. É ainda possível personalizar cada personagem com base nas classes que já tenha dominado, permitindo combinar atributos e habilidades de classes diferentes para criar uma personagem com capacidades únicas ao gosto do jogador.

Existe alguma discrepância no potencial das classes, e algumas são mais úteis que outras em determinadas situações. De qualquer forma são todas viáveis o suficiente de forma a que não afetem a experiência de forma negativa. O sistema triangular está outra vez presente, cada tipo de arma tem vantagens e desvantagens em relação a outro, e saber utilizar esta mecânica é crucial para o sucesso de cada missão. A prestação do jogador em cada missão é classificada no fim com base em critérios como o tempo demorado ou o número de inimigos e é atribuída uma classificação que leva a recompensas consoante a forma como cada objetivo foi cumprido.

No que toca à vertente técnica trata-se de uma produção competente mas algo irregular no seu desempenho. Se o jogo não é muito visualmente apelativo quando jogado no ecrã da consola, a prestação é bastante superior à de outros jogos semelhantes. Por outro lado, embora a resolução seja obviamente superior num ecrã de televisão, o desempenho não acompanha esta melhoria visual, algo que pode ter origem na idade da consola.

Three Hopes é assim um jogo com um propósito e um público-alvo bem definidos, sendo no geral bem sucedido naquilo que propõe a fazer. É uma extensão bem executada do universo de Three Houses, apresentando-se simultaneamente como uma proposta interessante dentro dos moldes de um típico Dynasty Warriors. Não seria de estranhar que acabe por ser o primeiro passo para uma evolução significativa de ambas as séries em produções futuras.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
7 10 0 1
Fire Emblem Warriors: Three Hopes não descobre a pólvora, optando por oferecer uma combinação das melhores partes de Fire Emblem e Dynasty Warriors. O resultado é um híbrido de ação e estratégia que certamente vai agradar ao seu público-alvo.
Fire Emblem Warriors: Three Hopes não descobre a pólvora, optando por oferecer uma combinação das melhores partes de Fire Emblem e Dynasty Warriors. O resultado é um híbrido de ação e estratégia que certamente vai agradar ao seu público-alvo.
7/10
Total Score

Pontos positivos

  • Extensão bem conseguida do universo de Three Houses
  • Jogabilidade divertida
  • Três histórias diferentes por escolher

Pontos negativos

  • Missões pouco variadas
  • Requisitos crípticos para alcançar alguns finais
  • Prestação do jogo algo irregular

Diogo Caeiro

Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.