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The Caligula Effect 2 – Análise

Em muitos aspetos The Caligula Effect 2 é uma versão superior do seu antecessor, tocando em muitos dos temas que o primeiro explorou. Mesmo para quem não tenha jogado o original ou a sua versão melhorada The Caligula Effect Overdose, o título mais recente da FuRyu faz um bom trabalho em introduzir-nos no universo de Redo e da sua distopia virtual.

Somos imediatamente colocados a par do mundo onde nos situamos através de uma sequência cinemática que nos apresenta os vilões e a antagonista que rege sobre Redo, a diva virtual Regret. Redo é um mundo criado para abrigar os que procuram uma escapatória da vida real, uma utopia falsa onde regredimos para os nossos anos formativos e podemos ser ignorantes e felizes, esquecendo as tragédias e stresses da vida adulta. The Caligula Effect tinha colocado as questões de uma forma bastante intrigante mas a apresentação do jogo deixava um pouco a desejar. Não existiam muitos problemas com a escrita e o enredo, e os antagonistas foram bem explorados inclusive no anexo em Overdose. Felizmente em The Caligula Effect 2 somos apresentados ao mundo de forma breve e partimos em busca de uma forma de fazer os habitantes de Redo regressar ao mundo real. No entanto mantém-se constantemente a questão se isso é realmente o que os habitantes querem.

The Caligula Effect 2 tem certamente uma história bem escrita e mostra-nos um dilema com personagens bem construídas e delineadas. Na grande maioria são adultos que passaram por dificuldades e de uma forma ou outra, deram consigo a viver em Redo mas só alguns conseguem recuperar recordações do mundo real – isto acontece graças em parte a χ (Chi), uma outra diva virtual, filha da antagonista do jogo anterior, que consegue invadir Redo para parar os planos de Regret. Com a ajuda de Chi conseguimos reaver as nossas recordações e assim obtemos poderes adicionais para lutar contra as hordas de inimigos que Regret e os seus lacaios enviam.

Em combate o jogo apresenta um misto de mecânicas que juntas acabam por ser maiores que a soma das partes. O sistema por turnos é composto por uma linha de tempo onde colocamos as ações como se estivéssemos a compor uma música num programa de edição de áudio, com uma pré-visualização das ações a decorrer e a possibilidade de ajustar quando vamos efetuar uma ação. Inicialmente o sistema é bastante lento e simples, mas com o avançar da história e um número maior de companheiros as variáveis tornam-se imensas e conseguimos realizar combinações bastante satisfatórias. Os inimigos também se regem por este sistema, podendo assim antecipar e interromper ataques, dando tempo aos nossos companheiros de realizar combinações mais devastadoras.

Fora de combate, a exploração das masmorras lideradas por cada compositor a mando de Regret é o desafio principal, desde a fuga inicial contra Machina nas linhas de metro, a travessia pelos ambientes acaba por ser bastante semelhante, com alguns caminhos opcionais para explorar e alguns inimigos formidáveis que escondem tesouros que podem melhorar as nossas habilidades. Infelizmente é aqui que Caligula Effect 2 apresenta um dos seus pontos mais fracos, que é o desenho geral de ambientes e a sua navegação. Para o escopo do jogo e a ambição de querer contar uma história maior e melhor que o original, a estética melhorada infelizmente não se fez acompanhar de um melhor desenho de espaços para o jogador percorrer. Muitos dos corredores e espaços mais abertos são bastante vazios e semelhantes entre si, acabando por se tornar difícil de distinguir onde nos situamos sem olhar para o mapa.

Além da história, o ponto mais forte de todo o jogo é a banda sonora espetacular, que infelizmente acaba por ser repetida até à exaustão, sobretudo nas masmorras. O jogo apresenta faixas criadas supostamente pelos compositores a mando de Regret no mundo de The Caligula Effect 2, e estas faixas são as utilizadas nas masmorras respetivas de cada compositor. Até aqui tudo bem, não fosse o pormenor de ouvirmos a mesma faixa dezenas de vezes por hora, alternando entre instrumental na exploração e com vocalização durante o combate, com muito poucas pausas. A banda sonora não será para todos, The Caligula Effect 2 coloca muita importância na música e no seu significado para cada compositor. Isto inclui a letra de cada faixa, que também serve de fundo em combate, mas infelizmente termos de ouvir a mesma composição constantemente durante horas no mesmo local não é a melhor das experiências. Pelo menos uma faixa adicional por masmorra poderia quebrar esta repetição excessiva.

Fora das masmorras, podemos interagir com os membros do nosso grupo, uma vertente social que vai sempre ser comparada a jogos como Persona devido às semelhanças temáticas. Nestes momentos podemos ficar a conhecer melhor as personagens e algumas das razões mais íntimas por terem vindo parar a Redo, inclusive algumas surpresas bastante chocantes.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
7 10 0 1
The Caligula Effect 2 apresenta mais do mesmo que fez o seu antecessor interessante, melhorando os pontos mais fracos do original e com uma história interessante e intrigante, embora alguns momentos não suscitem o mesmo interesse que The Caligula Effect Overdose. Juntamente com obstáculos no avanço devido a escolhas de diálogo erradas e uma repetição excessiva de algumas músicas durante longos períodos de tempo, estes são elementos que podem distrair de uma experiência bastante positiva na Nintendo Switch.
The Caligula Effect 2 apresenta mais do mesmo que fez o seu antecessor interessante, melhorando os pontos mais fracos do original e com uma história interessante e intrigante, embora alguns momentos não suscitem o mesmo interesse que The Caligula Effect Overdose. Juntamente com obstáculos no avanço devido a escolhas de diálogo erradas e uma repetição excessiva de algumas músicas durante longos períodos de tempo, estes são elementos que podem distrair de uma experiência bastante positiva na Nintendo Switch.
7/10
Total Score

Pontos positivos

  • Banda sonora fantástica
  • Sistema de combate melhorado
  • Enredo variado e interessante

Pontos negativos

  • Repetição excessiva de composições individuais
  • Picos de dificuldade ocasionais

André Reis

O chicote que mantém a máquina a funcionar. Entusiasta pela indústria e com um gosto variado, mas com um especial amor por JRPG, nunca deixa escapar uma boa promoção e por consequência tem uma coleção maior do que alguma vez poderá ter tempo para a terminar.