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Poison Control – Análise

A NIS America mantém a tradição de apostar constantemente em jogos japoneses marcadamente diferentes das restantes ofertas no mercado. Agora é a vez de Poison Control, a produção mais recente da Nippon Ichi Software. Mecânicas interessantes e uma apresentação irreverente à parte, este jogo sofre dos mesmos problemas que afetam outras produções de igual calibre vindas daquele estúdio: jogabilidade repetitiva e estrutura de níveis genérica.

Começando a aventura com uma breve sequência cinemática onde é pedido ao jogador que escolha algumas caraterísticas físicas da sua personagem, somos imediatamente confrontados com uma situação bastante precária: encontramo-nos no Inferno, prestes a ser atacados por uma criatura sinistra denominada de Klesha. Numa reviravolta de acontecimentos, a criatura funde-se com o protagonista e materializa-se numa rapariga chamada Poisonette, que partilha agora o corpo da nossa personagem em regime de “part-time”. No processo ficamos a saber que caso queiramos voltar ao normal e trocar o Inferno pelo Céu, temos de resgatar uma série de jovens presas em Belle’s Hell, estruturas conjuradas a partir das emoções negativas dessa mesma pessoa. Cada nível corresponde assim ao resgate de uma mulher diferente, cada uma com a sua própria história e razão para se encontrarem no sítio onde estão. As histórias são quase todas baseadas em temas mórbidos, sendo algumas delas particularmente trágicas, o que é um contraste inesperado tendo em conta as impressões iniciais que o jogo causa com a sua apresentação colorida e diálogo rotineiramente divertido entre o jogador e Poisonette.

Incidindo agora sobre a jogabilidade, Poison Control apresenta-se sobretudo como um “shooter” na terceira pessoa que sofre poucas alterações nos seus mecanismos do início ao fim. Começando com apenas um tipo de bala, este número aumenta consoante os Belle’s Hell concluídos, que podem ser aprimoradas com recompensas da eliminação de monstros e cumprimento de objetivos. No entanto, as balas não são infinitas, sendo necessário trocar para a Poisonette sempre que acabarem, pois a única forma de recarregar passa por caminhar sobre trilhos de veneno, e estes são também nocivos à nossa personagem. É um ciclo funcional mas demasiado supérfluo, pois não existe nenhum desafio no jogo dedicado à exploração desta dinâmica. Existem ainda alguns “bosses” que embora se portem como versões mais criativas e apuradas dos outros inimigos, pouco sobressaem no panorama geral. Mais uma vez, isto é em parte devido a como o combate é inócuo.

Visualmente o jogo tende também para um aspeto sem destaques, com texturas que mereciam um maior grau de atenção. Os retratos das personagens e as sequências cinemáticas a duas dimensões são de qualidade, cheias de personalidade e charme que o mundo tridimensional do jogo simplesmente não exibe. Há muito por gostar em Poison Control, seja pelo enredo interessante e fora do comum ou pelas interações bizarras e divertidas entre personagens num mundo que conceptualmente é dos mais cativantes que a Nippon Ichi criou recentemente. A falta de coesão na ação e um nível de desafio reduzido e repetitivo, infelizmente, impedem-no de se livrar do estigma de produção ‘pequena’.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
5 10 0 1
Uma história interessante e um cenário cativante não conseguem abafar um ciclo de jogabilidade repetitivo e uma composição de níveis pobre. A falta de atenção a várias das suas componentes faz com que Poison Control seja uma experiência pouco notável.
Uma história interessante e um cenário cativante não conseguem abafar um ciclo de jogabilidade repetitivo e uma composição de níveis pobre. A falta de atenção a várias das suas componentes faz com que Poison Control seja uma experiência pouco notável.
5/10
Total Score

Pontos positivos

  • Sequências cinemáticas de luxo
  • Diálogos divertidos
  • Enredo competente

Pontos negativos

  • Jogabilidade repetitiva
  • Nível de desafio reduzido
  • Aspeto visual genérico a três dimensões

Diogo Caeiro

Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.