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Double Kick Heroes – Análise

É graças a jogos como Thumper e mais tarde VOEZ, Crypt of the NecroDancer e SUPERBEAT: XONiC que a vinda de Double Kick Heroes para a Switch era mais que garantida. Produzido pela HeadBang Club e inicialmente lançado no Steam em formato “Early Access”, este jogo baseado em ritmo e música está finalmente pronto a ser distribuído a nível mundial. É uma delícia para os fãs mais devotos de Rock e Metal, embora com alguns problemas em vários campos.

Comecemos pelo enredo, que tem tanto de mau como de bom: Double Kick Heroes é o nome de uma banda de metaleiros desajustados com um concerto agendado para um dia fatídico. Ao iniciarem o seu espetáculo rapidamente se dão conta que a multidão é composta por mortos-vivos. Assim e por força das circunstâncias, fogem num Cadillac pelas estradas de uma América do Norte pós-apocalíptica. Ao longo do caminho encontram paródias de ícones do Rock e do Metal, assim como situações cada vez mais bizarras. É uma premissa com promessas de aventuras loucas e estranhas e aí Double Kick Heroes certamente cumpre mas durante a aventura, as personagens são tão irritantes e desinspiradas que os diálogos acabam por não ser mais que verbos de encher na ânsia de se chegar à música seguinte.

Independentemente da razão para o enredo avançar, até porque Double Kick Heroes dispõe de outros modos de jogo mais simples, mais divertidos e mais diretos ao assunto (como “Arcade” e “Fury Road”), a jogabilidade é satisfatória para o que se espera de um jogo semelhante. O início de cada nível é pautado por três frentes: do lado direito está o carro – apelidado de Gundillac – em fuga, do lado esquerdo estão os inimigos em perseguição e na parte inferior está uma pista onde atingimos as notas em ritmo com a música. A ideia é pôr os olhos do jogador nestas três frentes quase simultaneamente, embora a nossa atenção esteja frequentemente virada para a pista com medo de falhar alguma nota e perder tudo o que se avançou antes de chegar ao fim do nível.

Já o carro tem preso a si uma arma em cada farol traseiro. Isto está diretamente relacionado com a jogabilidade, na medida em que alguns inimigos só são atingidos mediante a sua posição em contraste com a linha de fogo de cada farol. A pista onde temos de atingir as notas é a mesma mas após alguns níveis, a coisa começa a complicar-se com a adição de mais elementos que exigem uma atenção quase impossível de manter. Felizmente é possível mudar o nível de dificuldade, embora isto valha de pouco pois o nível mais acessível é aborrecido e o mediano é demasiado exigente, sem meio termo entre um e outro.

Outra questão, um pouco mais subjetiva, é o estranho ritmo da música. Nunca encontrei grande dificuldade em ajustar-me aos jogos inicialmente descritos, em especial o impressionante Thumper, mas a síncope bizarra, em conjunto com a estranha consistência das notas nos níveis mais tardios (e consequentemente, músicas mais exigentes) desmotivam muito rumo ao final, forçando a minha mão em colocar a dificuldade no nível mais fácil. Mas quando a dificuldade mais fácil é tão aborrecida, cria-se um sentimento medonho que obrigou a chegada até ao fim só por uma questão de responsabilidade e não de divertimento. Tudo isto pode ser encarado como uma dificuldade pessoal, mas que merece que levantem dúvidas quando raramente encontro um nível de exigência deste tipo noutros jogos, ainda para mais quando se gosta do género musical aqui retratado.

No entanto, toda a visão artística em Double Kick Heroes é simplesmente fenomenal. Cada momento faz lembrar os velhinhos jogos de aventura dos anos noventa, e é óbvio que muito suor e trabalho foi depositado neste campo, assim como a banda sonora que também é ótima. Só é infeliz que algumas músicas entrem por um ouvido e saiam por outro, algo genéricas mesmo com as excelentes participações especiais por parte de Carpenter Brut e Gojira. Dito isso, vários sub-géneros dentro do Rock e Metal estão aqui representados para nosso deleite.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
6 10 0 1
Apresentando-se como mais uma adição no catálogo de jogos rítmicos da Nintendo Switch, Double Kick Heroes não atinge um cobiçado patamar de qualidade devido a umas quantas questões: um enredo que não espanta, uma miscelânea de elementos em jogo, assim como uma síncope bizarra em músicas mais complicadas impedem a ascensão deste título metaleiro. Por valorizar fica o trabalho artístico e o largo cardápio musical original em exposição, mas pouco mais do que isso.
Apresentando-se como mais uma adição no catálogo de jogos rítmicos da Nintendo Switch, Double Kick Heroes não atinge um cobiçado patamar de qualidade devido a umas quantas questões: um enredo que não espanta, uma miscelânea de elementos em jogo, assim como uma síncope bizarra em músicas mais complicadas impedem a ascensão deste título metaleiro. Por valorizar fica o trabalho artístico e o largo cardápio musical original em exposição, mas pouco mais do que isso.
6/10
Total Score

Pontos positivos

  • Direção artística
  • Seleção musical

Pontos negativos

  • Enredo desinteressante
  • Vários elementos na jogabilidade em simultâneo

Ulisses Domingues

Analisar um videojogo é como uma experiência gastronómica: pode correr muito bem, muito mal ou não correr de todo. Pelo menos é o que este membro da equipa acredita. No entanto, nunca deixará que a sua fome altere os critérios de análise. Pelo menos não muito.