Assassin’s Creed Shadows – Análise
O antecipado Assassin’s Creed Shadows chegou finalmente à Nintendo Switch 2, marcando a estreia desta visão ambiciosa do Japão do século XVI na nova consola da Nintendo. Depois de ter sido lançado em março para outras plataformas, o jogo convida-nos a acompanhar duas figuras cujos destinos se cruzam: Fujibayashi Naoe, uma “shinobi” ágil e impulsiva, e Yasuke, o lendário samurai de origem africana. O enredo alterna entre as suas perspetivas e explora o contraste entre as personalidades, a serenidade calculada de Yasuke e a energia explosiva de Naoe, construindo uma relação que evolui gradualmente para uma amizade duradoura e credível. Embora a estrutura das missões siga o molde clássico da série e possa tornar-se algo previsível, a força emocional da história mantém o ritmo envolvente e leva a alguns momentos de verdadeira tensão.

O mundo aberto de Assassin’s Creed Shadows destaca-se pela escala e atenção ao pormenor, recriando um Japão feudal vibrante e visualmente variado. As paisagens transformam-se ao longo do ano: bosques pintados de tons quentes no outono, cordilheiras cobertas de neve no inverno, e aldeias tradicionais rodeadas de cerejeiras floridas na primavera dão forma a cenários tão evocativos que quase parecem obras de arte em movimento. As estações não servem apenas como pano de fundo, elas influenciam a própria ação. No inverno, por exemplo, a água congelada abre rotas alternativas para infiltrações mais discretas.

No campo da jogabilidade, Shadows segue a base do passado recente da série, mas introduz variações interessantes graças ao duo de protagonistas. Podemos trocar entre Naoe, especialista em furtividade e mobilidade, e Yasuke, cuja força bruta lhe dá vantagem em confrontos diretos. Naoe usa um gancho para escalar rapidamente e mover-se pelas sombras, preparando ataques silenciosos; Yasuke, por sua vez, rompe portas, consegue lidar com multidões e executa golpes pesados com as suas armas tradicionais. Essa dualidade dá a cada missão um sabor distinto, equilibrando ação explosiva e infiltrações meticulosas. À medida que avançam, ambos os protagonistas vão desenvolver-se através de novas capacidades e equipamentos, enquanto um pequeno refúgio pessoal (um jardim privado que serve de base) permite investir recursos na melhoria dos heróis, embora esta mecânica seja vista como menos inspirada por parte da crítica.

Algumas missões foram claramente desenhadas para Yasuke ou para Naoe, e há momentos do enredo em que somos obrigados a seguir apenas com um deles durante algum tempo. No entanto, na maioria das situações, o jogo deixa-nos escolher livremente entre as duas abordagens. Esta dualidade dá uma nova variedade à aventura, tornando cada incursão mais interessante: antes de atacar um acampamento inimigo, é natural ponderar se deve prevalecer a estratégia furtiva ou a investida de força bruta. O combate acompanha essa versatilidade. Ambos os protagonistas dispõem de várias armas principais e opções de ataque à distância. Entre os destaques estão o conjunto de movimentos da Kusarigama de Naoe e a configuração de Teppo de Yasuke, que combina armas de fogo com explosivos. Para além disso, existe uma vasta coleção de equipamento para descobrir, melhorar e personalizar a gosto. Há também uma loja de microtransações com peças mais extravagantes, embora nada obrigue o jogador a utilizá-la. O jogo é enorme, tal como os títulos recentes da série Assassin’s Creed. Há imensas atividades ao longo de mapas gigantescos que garantem dezenas de horas, e que podem mesmo chegar às centenas para quem tiver paciência. Há até a opção de melhorar a base para obter mais recursos. A dimensão do jogo pode acabar mesmo por ser um problema, já que muitas das atividades limitam-se a percorrer o mapa e falar com uma determinada personagem. Com isto, o sentimento de desgaste e repetitividade acabam por se instalar com o decorrer do tempo.
Assassin’s Creed Shadows é um dos jogos tecnicamente mais impressionantes deste ano, e a transição para a Nintendo Switch 2 é muito ambiciosa e igualmente um sucesso. Tal como já tinha acontecido com Star Wars Outlaws, a Ubisoft fez um fantástico trabalho na conversão para a consola da Nintendo. Quanto ao desempenho na Nintendo Switch 2, o resultado é surpreendentemente competente tendo em conta a dimensão do projeto. O jogo consegue manter uma fluidez de 30 fps constantes, tanto no ecrã da consola como numa televisão, graças a um conjunto de otimizações profundas. Entre os compromissos necessários estão a retirada do “ray tracing” em tempo real e a adoção de efeitos de luz pré-calculados, bem como ajustes a níveis de pormenor, contagem de NPC, e distância de visão. O apoio para DLSS ajuda a reconstruir a imagem a partir de resoluções internas mais baixas, garantindo uma apresentação nítida e com poucas imperfeições. Em cenas intensas não se verificam quebras notáveis, com excepeção de alguns momentos no ecrã da consola. A versão Nintendo Switch 2 oferece também algumas funcionalidades adicionais, como o uso do ecrã tátil para navegar no mapa e nos menus, e ainda progressão cruzada através do Ubisoft Connect.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Enredo envolvente com duas perspetivas que se complementam
- Ambiente do Japão feudal bem construído
- Alternância variada entre furtividade e combate direto
- Adaptação notável para a Nintendo Switch 2
Pontos negativos
- Alguns compromissos técnicos e visuais
- Exploração do mundo aberto pode tornar-se repetitiva
- Missões secundárias deixam a desejar

Calorias, nutrientes e Nintendo. Três palavras que definem o maior fã de F-Zero cá do sítio. Adepto de hábitos alimentares saudáveis, quando não anda atrás de uma balança, costuma estar ocupado com as notícias mais prementes e as análises mais exigentes.

