EA Sports FC 26 – Análise
Com EA Sports FC 26, a EA consolida finalmente o futebol moderno na Nintendo. Depois da surpreendente recuperação de FC 24 e FC 25 na Nintendo Switch original, que abandonaram a infame carga de “Legacy Edition” e estrearam o motor Frostbite com todos os modos principais incluídos, esta estreia na Nintendo Switch 2 chega para melhorar, expandir e demonstrar que as plataformas Nintendo podem trazer uma experiência autêntica e tecnicamente competente. Não é uma revolução, mas é o ponto em que a série deixa de apanhar o comboio e passa a acompanhar a viagem a partir da frente da carruagem.

Os modos de jogo são completos e idênticos às outras versões. O Ultimate Team mantém o seu protagonismo, com o regresso das Evolutions, agora mais flexíveis e concentradas na progressão ao longo da temporada, e com o sistema de Archetypes que permite personalizar o estilo de jogo das cartas. As equipas mistas continuam presentes, tal como os desafios semanais e eventos sazonais. O modo “online” é estável e fluido, com “cross-play” funcional dentro da mesma geração e emparelhamento rápido, mesmo em modo portátil. Como a Nintendo Switch 2 ainda é uma consola recente, a base de utilizadores de EA Sports FC 26 é limitada. Isso nota-se também no mercado de cartas, que é imensamente mais curto e sem qualquer “cross-play”.

O modo Carreira é um dos grandes destaques. Pela primeira vez numa consola Nintendo, é possível viver a experiência completa, com o novo sistema de Perfis de Treinador que permite definir uma filosofia tática, gerir a moral da equipa, analisar dados e trabalhar com uma equipa técnica ao pormenor. As conferências de imprensa, reuniões com a direção e gestão de jovens talentos estão todas incluídas. Do lado do jogador, há também um progresso mais livre, com decisões fora de campo a afetar o rumo da carreira. As pequenas sequências cinemáticas ajudam a dar mais identidade ao percurso, algo que faltava em versões anteriores. O modo Clubs marca uma presença muito ambiciosa, algo que era impensável há apenas poucos anos. É possível criar equipas, disputar divisões, personalizar estádios e partilhar o nosso avanço entre plataformas diferentes. Tudo isto está ligado à conta EA Connect, o que mantém estatísticas e evolução consistentes entre consolas diferentes. Já o Volta Football mantém o lado mais descontraído e urbano, com partidas curtas, campos de rua e muita personalização visual. É um modo visualmente estimulante e ligeiro, ideal para sessões de jogo mais rápidas.

Mas é na jogabilidade que EA Sports FC 26 marca a diferença, e mostra como a produção aprendeu com as suas limitações passadas. Pela primeira vez, o jogo introduz dois estilos distintos de controlo e de ritmo: Modo Competitivo e Modo Autêntico. O Modo Competitivo é uma versão mais acelerada e apurada para quem joga “online” ou quer replicar o ritmo dos modos Ultimate Team e Clubs. As animações são mais curtas, o tempo de reação entre drible e passe é reduzido, e a resposta aos nossos comandos é imediata. O jogo torna-se mais direto, exigindo decisões rápidas e precisão em espaços curtos. É também aqui que o novo sistema PlayStyles+ se destaca, com certos jogadores como avançados explosivos ou médios de corte técnico a exibirem movimentos exclusivos, que reforçam o realismo e a identidade individual. A física da bola aqui é ligeiramente mais “seca”, com menos inércia nos ressaltos e passes, favorecendo o ritmo competitivo e a leitura instantânea das jogadas.

Já o Modo Autêntico aposta em algo diferente: uma experiência mais cadenciada e realista, próxima de uma transmissão televisiva. O controlo de bola é mais pesado, o tempo de passe e receção mais orgânico, e o ritmo das partidas mais variável, com momentos de pausa que valorizam o posicionamento e a construção. Neste modo o jogo respira melhor, é possível trabalhar a posse, explorar o campo e sentir o peso da bola em cada toque. É também aqui que se percebe o trabalho feito na inteligência artificial: os colegas de equipa abrem espaços de forma mais natural, os defesas reposicionam-se com lógica, e a transição entre ataque e defesa é mais fluida. Ambos os modos partilham o mesmo motor de animações híbridas, mas a sensação é radicalmente distinta. O Modo Competitivo é rápido, intenso e perfeito para jogos “online” curtos ou confrontos em Ultimate Team. O Autêntico é o oposto, pensado para quem prefere um futebol mais tático, cerebral e realista, ideal para Carreira ou torneios locais. A Nintendo Switch 2 alterna entre ambos sem problema, e a diferença de ritmo entre um e outro é suficientemente marcante para justificar o seu lugar. É uma decisão inteligente da EA, que dá espaço a estilos de jogador distintos e ajuda a equilibrar o jogo entre uma experiência mais “arcade” e uma simulação.

A física da bola encontra-se mais apurada em ambos os modos. Os ressaltos, desvios e contactos são mais variados, e o controlo de primeira bola é influenciado pela qualidade técnica e atributos do jogador. Os remates cruzados têm força credível, e as cabeçadas ganham peso e direção realistas. As colisões foram melhoradas, com menos situações absurdas de corpos a sobreporem-se e mais coerência nos duelos físicos. Apesar disso, há limitações que persistem, a mais evidente é o limite de 30 fps num jogo que vive da precisão da resposta, e onde se sente a diferença em jogadas de alta velocidade. Há também pequenas oscilações de fluidez em partidas com chuva intensa ou muitos efeitos de partículas, mas nada de grave. É um compromisso técnico que resulta de uma escolha entre estabilidade e fidelidade visual. Dentro dessa lógica, o jogo mantém-se consistente. A fluidez dos menus também sofre face às outras versões.
Visualmente, o conjunto impressiona. O relvado apresenta desgaste visível ao longo da partida, o público reage com energia a cada lance, e as câmaras de repetição e celebrações têm uma cinematografia aprimorada. Os rostos mais conhecidos estão muito bem recriados, e a textura dos equipamentos e dos emblemas mostra uma atenção dedicada ao pormenor. No ecrã da consola, o HDR da Switch 2 dá vida às cores e confere uma clareza surpreendente, é o tipo de jogo que se pode levar no bolso sem perder a sensação de estar num campo de grandes dimensões. No som, EA Sports FC 26 mantém o padrão de qualidade habitual. As multidões têm um comportamento dinâmico, reagindo aos golos e falhas de forma convincente. O ambiente de estádio varia entre ligas e países, com cânticos específicos e narrações completas. A banda sonora global segue a tradição da EA: ritmos modernos, diversidade cultural e muita energia para acompanhar o ritmo competitivo. O resultado é um jogo que soa vivo e autêntico, quer se jogue com auscultadores ou no ecrã da televisão.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Todos os modos principais incluídos, sem cortes nem limitações
- Motor Frostbite otimizado, com elementos visuais e animações de qualidade
- Dois modos de jogabilidade bem distintos e equilibrados
Pontos negativos
- 30 fps continuam a limitar a fluidez
- Menus lentos e pesados
- Mercado reduzido no Ultimate Team

Calorias, nutrientes e Nintendo. Três palavras que definem o maior fã de F-Zero cá do sítio. Adepto de hábitos alimentares saudáveis, quando não anda atrás de uma balança, costuma estar ocupado com as notícias mais prementes e as análises mais exigentes.