AnálisesSwitch 2

Donkey Kong Bananza – Análise

Depois de anos de espera e inúmeras bananas apanhadas em títulos anteriores, Donkey Kong está de volta numa aventura totalmente nova. Donkey Kong Bananza, lançado recentemente em exclusivo para a Nintendo Switch 2, traz o gorila mais famoso da Nintendo de regresso à ribalta. É o primeiro jogo original da série em mais de uma década (desde Donkey Kong Country: Tropical Freeze em 2014) e a primeira incursão de DK num jogo em 3D desde 1999. As expectativas não faltavam, tanto por parte dos fãs veteranos como dos novos jogadores, curiosos com o potencial da Nintendo Switch 2.

A jogabilidade de Donkey Kong Bananza é uma autêntica lufada de ar fresco no género de plataformas. À semelhança de títulos como Super Mario Odyssey, o jogo adota níveis amplos e exploráveis de forma livre, repletos de segredos e objetivos e que seguem uma organização “sandbox”. A grande inovação, porém, está na capacidade de destrutir o cenário. Praticamente todo o ambiente é interativo e pode ser reduzido a escombros pelos punhos poderosos de Donkey Kong. Esta mecânica dá uma sensação de poder gratificante ao jogador – se há uma parede no caminho ou um rochedo suspeito, DK pode esmagá-los e abrir caminho para áreas ocultas, revelando segredos ou objetos colecionáveis escondidos. Quanto mais destruímos, mais o mundo do jogo se revela.

Controlar DK é intuitivo e divertido. Os controlos respondem com a fluidez esperada de um jogo com o cunho da Nintendo, mesmo com a física acrescida de destroços a voar pelo ecrã. Donkey Kong pode correr, saltar, trepar e realizar uma variedade de movimentos novos: o “Dive Punch” permite desferir um soco descendente e abrir crateras no solo; o clássico golpe “Hand Slap” agora funciona quase como um sonar, recolhendo itens próximos e revelando espaços frágeis no terreno; e há ainda a possibilidade de arrancar partes de terreno (pedras, troncos, etc.) e usá-las a seu favor – DK pode equilibrar-se nelas, arremessá-las como projéteis ou até empilhá-las para criar plataformas improvisadas. A combinação de saltos precisos, pancadas esmagadoras e interação com o cenário destrutível faz com que cada nível tenha múltiplas abordagens possíveis, o que traz uma profundidade e liberdade pouco habituais num jogo de plataformas.

Uma das surpresas na jogabilidade é a parceria com Pauline. A personagem clássica (conhecida do universo Mario) surge aqui numa versão mais jovem e carismática, aliando-se a DK na sua jornada subterrânea. Pauline acompanha Donkey Kong na aventura (chegando mesmo a andar às cavalitas do gorila) e empresta-lhe a sua voz poderosa como arma: os seus talentos vocais conseguem estilhaçar alguns obstáculos e atordoar inimigos à distância. Quando se joga a solo, Pauline atua mais num contexto de enredo e em golpes combinados guiados pelo jogo, mas é no modo cooperativo que ela mais sobressai. A dinâmica entre a força bruta de DK e os gritos sónicos de Pauline resulta numa jogabilidade cooperativa assimétrica divertida – ainda que Donkey Kong continue a ser o centro das atenções em termos da jogabilidade.

Além da campanha principal repleta de níveis de exploração e plataformas, Donkey Kong Bananza brinda o jogador com funcionalidades e modos de jogo que enriquecem a experiência. Em destaque está o modo cooperativo local/online para dois jogadores: um jogador controla Donkey Kong enquanto o segundo assume o papel de Pauline. Nesta configuração, Pauline atua como uma personagem de apoio (e que vai literalmente montada aos ombros de DK) podendo apontar e disparar as suas ondas sonoras com os novos controlos de movimento do Joy-Con 2 semelhantes a um rato de computador. Jogar com um amigo ao nosso lado (ou via internet) traz uma nova dimensão à experiência, onde podemos coordenar ataques e fazer explorações conjuntas. No entanto, importa referir que a cooperação é assimétrica: o segundo jogador tem um papel limitado, focado em auxiliar com tiros de longo alcance, o que pode saber a pouco para quem esperava controlar Pauline de forma independente. Ainda assim, é uma adição bem-vinda, sobretudo porque a Nintendo implementou aqui o GameShare, permitindo partilhar o jogo online ou localmente mesmo com quem não o tem (até com a Switch original), o que torna o modo cooperativo mais acessível. Outra novidade é o “Assist Mode”, pensado para jogadores mais novos ou menos experientes. Aqui a aventura torna-se mais branda: o jogo apresenta indicações adicionais para guiar o caminho, a mira dos ataques de Pauline ganha assistência, DK sofre menos dano dos inimigos e recupera vida gradualmente. Tudo isto sem impedir o progresso normal do jogo. Por outro lado, os jogadores experientes provavelmente dispensarão este modo, já que o jogo base é relativamente acessível.

Donkey Kong Bananza também aposta em desafios paralelos. Ao longo dos níveis encontram-se os “Challenge Courses”, provas especiais que vão desde batalhas contra o relógio até “puzzles” ambientais cerebrais que exigem pensar fora da caixa (ou melhor, fora da banana!). Alguns destes desafios assumem a forma de fases clássicas em 2D, numa bela homenagem aos jogos da era SNES: vamos controlar DK num nível que se desenrola de forma lateral, cheio de plataformas e barris, com direito a música retro e tudo. São secções curtas mas deliciosamente nostálgicas e constituem uma pausa dinâmica na exploração 3D. Há também arenas de combate por ondas de inimigos e percursos de obstáculos contra o cronómetro, garantindo que a variedade nunca falte. Ao longo da aventura, Donkey Kong vai adquirindo novos poderes Bananza e ainda imensos objetos colecionáveis.

Do ponto de vista visual, Donkey Kong Bananza faz um aproveitamento muito competente das capacidades da Nintendo Switch 2, mesmo sem esquecer as suas fundações na geração anterior. Os gráficos são coloridos, vibrantes e cheios de pormenor, com uma direção artística que combina o estilo de animação tradicional da série com efeitos modernos. A aventura leva-nos a um mundo subterrâneo vasto com uma série de biomas onde cada ambiente é distinto e visualmente apelativo, com texturas nítidas e iluminação aprimorada (há suporte para HDR quando jogado num ecrã de televisão, com cores mais vivas e contrastes mais ricos). A sensação de profundidade e escala nos espaços subterrâneas é digna de nota.

Um dos aspetos técnicos mais impressionantes é a forma como o mundo destrutível é apresentado. Fragmentos de terreno voam pelos ares, paredes racham e desmoronam-se, e tudo isto acontece de forma suave, sem quebras notórias na experiência. O resultado é um ambiente dinâmico e reativo, que se fragmenta como se tivesse vida própria, mas que raramente atrapalha a jogabilidade ou a visão do jogador. Ainda assim, durante momentos de caos extremo pode ocorrer uma ou outra perda de fluidez. Esses soluços de desempenho são esporádicos e não prejudicam a experiência, mas estão lá e devem ser notados, especialmente para quem espera um desempenho de 60 fps sem falhas. De resto, Bananza mantém-se fluido na maior parte do tempo, e a câmara acompanha bem a ação na maioria das situações. Apenas em espaços muito apertados ou quando o jogador desencadeia destruição em série é que a câmara pode ficar um pouco atrapalhada, o que obriga a pequenos ajustes manuais. Felizmente estes momentos são raros. No cômputo geral, Donkey Kong Bananza traz-nos um desempenho técnico robusto: é um espetáculo visual que mostra a nova Switch 2 em grande forma, mantendo a identidade artística divertida e envolvente.

Em linha com a qualidade Nintendo, a banda sonora de Donkey Kong Bananza é um deleite auditivo que complementa na perfeição a ação no ecrã. As músicas misturam temas novos e cativantes com arranjos de melodias clássicas dos jogos Donkey Kong anteriores, num aceno carinhoso aos fãs de longa data. Cada área do jogo tem um acompanhamento musical adequado: desde ritmos tribais e animados numa selva subterrânea, passando por melodias mais misteriosas e atmosféricas quando exploramos ruínas antigas, até temas acelerados que dão o tom certo às sequências de ação frenética. Apesar de um ou outro tema menos memorável, no geral a banda sonora mantém um nível alto e contribui muito para o ambiente do jogo.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
9 10 0 1
Donkey Kong voltou em grande estilo. Donkey Kong Bananza consegue o feito de ser ao mesmo tempo uma celebração nostálgica da série e uma evolução bem-vinda dos jogos de plataformas. A parceria com Pauline traz carisma e uma sensação de novidade, enquanto a mecânica de destruição dá a liberdade de esculpir a aventura de uma forma que poucos jogos se atrevem a fazer. Com tantos poderes para dominar, níveis para explorar e conteúdos adicionais, Bananza raramente tem um momento monótono. Donkey Kong Bananza é sem dúvida um dos jogos imprescindíveis no arranque da Nintendo Switch 2, e é uma autêntica explosão de diversão e qualidade para todas as idades.
Donkey Kong voltou em grande estilo. Donkey Kong Bananza consegue o feito de ser ao mesmo tempo uma celebração nostálgica da série e uma evolução bem-vinda dos jogos de plataformas. A parceria com Pauline traz carisma e uma sensação de novidade, enquanto a mecânica de destruição dá a liberdade de esculpir a aventura de uma forma que poucos jogos se atrevem a fazer. Com tantos poderes para dominar, níveis para explorar e conteúdos adicionais, Bananza raramente tem um momento monótono. Donkey Kong Bananza é sem dúvida um dos jogos imprescindíveis no arranque da Nintendo Switch 2, e é uma autêntica explosão de diversão e qualidade para todas as idades.
9/10
Total Score

Pontos positivos

  • Ambiente visual deslumbrante e direção artística variada
  • As mecânicas de destruição de cenários
  • Grande variedade de conteúdos e modos
  • Diversão e liberdade para explorar

Pontos negativos

  • Pequenas quebras de desempenho
  • Dificuldade geral pouco exigente

Nuno Nêveda

Calorias, nutrientes e Nintendo. Três palavras que definem o maior fã de F-Zero cá do sítio. Adepto de hábitos alimentares saudáveis, quando não anda atrás de uma balança, costuma estar ocupado com as notícias mais prementes e as análises mais exigentes.

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