Detective Pikachu Returns – Análise
Pokémon e Pikachu são nomes que dispensam apresentações. Mesmo assim, Detective Pikachu destacou-se por trazer algo diferente: marcou a estreia da série Pokémon em formato “live action” através de um filme que surpreendeu tanto os fãs como os críticos, ao conseguir traduzir de forma cativante o universo Pokémon para o grande ecrã. Inspirado no jogo homónimo lançado para a Nintendo 3DS, o filme apresentou um enredo mais sério e misterioso. Quase uma década volvida, a sequela chega finalmente à Nintendo Switch, retomando a história de Tim Goodman e do seu peculiar parceiro Pikachu. Detective Pikachu Returns é assim uma sequela do jogo da Nintendo 3DS. Quem jogou o original estará obviamente mais ambientado, mas a sequela faz um excelente trabalho a pôr os recém-chegados ao corrente, e não é de todo obrigatório tirar a 3DS da gaveta antes de embarcar nesta nova aventura em Ryme City.

Visualmente Detective Pikachu Returns deixa uma impressão algo ambígua. Por um lado, apresenta uma direção artística simpática e uma construção de cenários competente, com ambientes que transmitem bem o meio urbano e misterioso de Ryme City. Por outro, não consegue acompanhar os padrões visuais já estabelecidos por outros jogos Pokémon na Nintendo Switch, ficando claramente aquém em termos de expressividade e pormenor. Apesar da tentativa de adotar uma identidade visual própria, a falta de cuidado com expressões faciais das personagens ou texturas mais trabalhadas prejudicam a imersão no enredo, especialmente num jogo tão centrado na história e nas emoções.
Por falar no enredo, é envolvente e mantém o charme característico das personagens, além de se encontrar bem estruturado e acessível. No entanto, e para um jogo que se apresenta como uma aventura de mistério, acaba por ser demasiado linear e previsível. Faltam reviravoltas marcantes ou momentos verdadeiramente surpreendentes, o que tira força ao ritmo da investigação. Frequentemente o jogador consegue antecipar o desfecho dos casos muito antes das revelações, o que compromete o impacto do enredo e acaba por criar alguma desilusão face ao esperado neste género de jogo. Nota-se também que o jogo foi desenvolvido com um público mais jovem em mente, uma decisão muito invulgar dado que quem jogou o original hoje é muito provavelmente maior de idade, e gostaria de prosseguir a sua experiência.
Apesar do grau de desafio diminuto, o jogo é competente no que se propõe fazer, e consegue uma boa interação entre as personagens e os Pokémon. Apresenta um tom ligeiro com uma banda sonora a condizer que não se torna memorável mas que marca bem a experiência. O jogo introduz ainda algumas mecânicas interessantes, onde Pikachu colabora diretamente com outros Pokémon para ultrapassar obstáculos ou resolver “puzzles” específicos ao longo da investigação. No entanto, apesar do seu potencial estas mecânicas surgem de forma pontual e são algo superficiais, sendo raramente desenvolvidas ao ponto de se tornarem elementos estratégicos ou memoráveis. Isto deixa uma sensação clara de oportunidade perdida, sobretudo num jogo onde a colaboração entre humanos e Pokémon devia ser mais aprofundada. A jogabilidade é bastante simples e integra investigações que vão para o nosso “Case Book”. As escolhas erradas não acartam qualquer punição, pelo que por simples tentativa e erro é possível avançar no jogo sem qualquer raciocínio crítico. O jogo é também bastante mais curto que o anterior o que mais uma vez nos desilude, dado que numa consola mais capaz seria expectável assistir a um crescimento do jogo e da sua fórmula.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Enredo bem estruturado, apesar de curto
- Boa ambientação e universo Pokémon bem integrado
Pontos negativos
- Visualmente pouco ambicioso para a Switch
- Desafios muito fáceis e pouco estimulantes

Após passar grande parte da sua infância em Hyrule e no Mushroom Kingdom dedica-se agora a explorar o vasto universo digital que o rodeia. Embora seja entusiasta de novos títulos é possível encontrá-lo frequentemente a revisitar os clássicos.